
Pintura Crucificação Branca, da autoria de Marc Chagall
“Na pintura, admiro Caravaggio: as suas telas falam-me. Mas também Chagall, com a sua Crucifixão Branca…” As preferências pictóricas do Papa Francisco ficaram amplamente conhecidas poucos meses após o início do pontificado, quando concedeu uma entrevista a Antonio Spadaro, director da revista La Civiltà Cattolica.
Marc Chagall (1887-1985) pintou Crucifixão Branca em 1938, ano da Noite de Cristal, nome associado à noite em que ocorreu a brutal onda de violência anti-semita promovida pelos nazis que, em toda a Alemanha, partiram os vidros das janelas das sinagogas, das casas e das empresas pertencentes a judeus, logo depois saqueadas e destruídas.
A perseguição dos judeus é uma grande preocupação do pintor que levou os pogroms para as telas. Crucifixão Branca é considerado como o seu “primeiro e maior” trabalho sobre a perseguição e o sofrimento dos judeus na Europa na década de 30 do século XX.
“Ao relacionar o Jesus martirizado com os judeus perseguidos e a Crucificação com acontecimentos contemporâneos, a pintura de Chagall identifica os nazis com os algozes de Cristo e alerta para as implicações morais das suas acções”, pode ler-se no site do Art Institute of Chicago, onde a obra se encontra exposta.
A admiração de Francisco pela obra do pintor francês nascido na Rússia tem sido abundantemente comentada por cristãos e judeus, sendo comummente considerada como mais uma prova da proximidade do Papa com o povo judaico. É bem conhecida a amizade existente entre Jorge Mario Bergoglio e o rabino Abraham Skorka, seu conterrâneo, traduzida em gestos inter-religiosos e na publicação do livro Sobre o Céu e a Terra, que regista diálogos entre os dois.
O Papa Francisco observou Crucifixão Branca quando visitou Florença em 2015. O quadro tinha sido cedido pelo Art Institute of Chicago para integrar a exposição Beleza Divina.