Há pessoas que, não se considerando religiosas, afirmam por vezes que pressentem a existência de Deus quando escutam Johann Sebastian Bach ou Wolfgang Amadeus Mozart. Sendo assim, o gosto dos cristãos pela música clássica parece óbvio.
As Paixões de Johann Sebastian Bach são composições de eleição do Papa Francisco, que aprecia particularmente o trecho Erbarme Dich (Tem piedade de mim / meu Deus, pelo meu pranto). Esta ária da Paixão Segundo S. Mateus, que Pier Paolo Pasolini usa no filme Evangelho Segundo S. Mateus, refere-se à negação de Pedro.
Francisco admira igualmente muito Mozart. Preza sobretudo Et Incarnatus est da Missa em Dó, que considera “insuperável”. “Leva-te a Deus!”, disse ele numa entrevista concedida a Antonio Spadaro, director da revista Civiltà Cattolica.
Jorge Mario Bergoglio é criterioso na escolha dos intérpretes e dos maestros. Prefere a pianista romena Clara Haskil a tocar Mozart e o alemão Wilhelm Furtwängler a reger Ludwig van Beethoven. Francisco gosta de ouvir Beethoven, “mas prometeicamente” e Furtwängler é considerado o “mais prometeico”.
Canónicas, as preferências podem ser previsíveis, mas o Papa sair do Vaticano para ir comprar discos a uma loja do centro de Roma é talvez menos expectável. É isso que documenta a conhecida fotografia que Javier Martínez Brocal, director da agência Rome Reports, fez da visita surpresa de Francisco à Stereosound.