Francisco, 2013-2023 (3)

10 anos de pontificado, 10 gostos do Papa: “Os Noivos”, de Alessandro Manzoni

| 6 Mar 2023

Da literatura, à música, passando pelas artes plásticas e pelo cinema, quais são as preferências do Papa Francisco? No 10.º aniversário do pontificado de Francisco, o 7MARGENS dá conta de 10 escolhas culturais de Jorge Mario Bergoglio. 

livro os noivos, paulinas

Francisco já se referiu ao romance Os Noivos, de Alessandro Manzoni, em diversas audiências, tendo recomendado aos jovens que o leiam.

 

Um romance da predilecção do Papa Francisco é Os Noivos (I Promessi Sposi, no original), a obra-prima de Alessandro Manzoni, tido como “o primeiro grande romance italiano”.

Numa audiência de há meses, no dia 26 de Outubro de 2022, dedicada ao tema da desolação, considerada a primeira modalidade afectiva de discernimento, Francisco lembrou o livro pela “esplêndida descrição do remorso como uma oportunidade para mudar de vida”.

Papa all’udienza: “La tristezza è un semaforo indispensabile per la nostra salute”

 

Antes, durante a audiência geral de 27 de Maio de 2015, o Papa tinha recomendado aos jovens a leitura da obra. É provável que os que a tinham de estudar não a quisessem ler, havia constatado Umberto Eco em 2010, sugerindo que a leitura se fizesse quando já se fosse crescido. “Vale a pena”, acrescentou.

Os Noivos relata uma história de amor passada no século XVII, envolvendo os jovens Renzo e Lucia que, para se poderem casar, têm de se confrontar com a maldade de um conde. Mas a obra é também, como assinalou John L. Allen Jr., editor do Crux, “uma reflexão sobre a condição humana, incluindo o pecado e o perdão, o sacrifício e o egocentrismo e o que a integridade moral implica em tempos confusos”. O tema manifesta-se claramente “no contraste entre dois padres proeminentes no livro: Dom Abbondio, modelo de um clérigo carreirista interessado apenas numa vida fácil, evitando dissabores, e Frei Cristoforo, um capuchinho que se gasta no serviço aos pobres e marginalizados e que, com bravura, diz a verdade ao poder”.

“Em tempos de pandemia não se deve ser como ‘dom Abbondio’”, afirmou o Papa no Angelus de domingo, 15 de Março de 2020.

Pouco depois de ter sido publicado em 1827, Os Noivos teve leitores ilustres como Mary Shelley, Walter Scott, Charles Dickens e George Eliot, que leram a obra na língua original, uma vez que, na altura, estava na moda conhecer o italiano. A lista de leitores insignes foi, evidentemente, aumentando.

No prefácio da edição portuguesa, que as Paulinas publicaram em 2015, com tradução de José Colaço Barreiros, José María Poirier acrescenta-lhe Antonio Gramsci (referindo que o filósofo “coloca a questão de o romance constituir uma obra de arte religiosa que critica um cristianismo que, do seu ponto de vista, oscila entre um aristocracismo jansenista e um paternalismo populista e jesuítico”), o cardeal Carlo Maria Martini e os Papas João XXIII e Paulo VI. O prefaciador documenta o fascínio de Jorge Mario Bergoglio pela obra de Alessandro Manzoni e termina mencionando que o Papa, num encontro com cristãos dos Estados Unidos da América, tinha lembrado uma afirmação de uma personagem de Os Noivos: “Nunca dei por que o Senhor tenha começado a fazer um milagre sem o acabar bem”.

 

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