
Pedro Strecht indicou que há “dor e sofrimento” nos testemunhos recolhidos. Foto © António Marujo
Em quatro dias, a comissão independente aos abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa validou 102 testemunhos, que incluem “momentos de profunda dor e sofrimento”, revelou este sábado o coordenador, Pedro Strecht.
Em nota divulgada à agência Lusa, e citada pelo Expresso, o pedopsiquiatra Pedro Strecht disse que desde o dia 11 foram validados 102 testemunhos, recebidos por preenchimento de inquérito online ou por chamada telefónica.
A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa iniciou terça-feira passada, dia 11, a recolha de denúncias de vítimas de casos ocorridos desde 1950, no sentido de conhecer o que aconteceu. No primeiro dia em que o telefone e o inquérito estiveram a funcionar, meia centena de testemunhos foram validados.
Segundo o coordenador, há depoimentos de pessoas entre os 30 e os 80 anos, “todas abusadas enquanto crianças”, e a comissão já tem entrevistas pessoais marcadas. Os testemunhos são de todo o país e também de cidadãos emigrados, mas “parece existir predomínio de registos na zona norte e interior de Portugal continental”.
O coordenador destacou ainda o “elevado número de telefonemas” de apoio ao trabalho da comissão e à iniciativa da própria Igreja.
As denúncias e testemunhos podem chegar à comissão através do preenchimento de um inquérito online em darvozaosilencio.org, através do número de telemóvel (+351) 917 110 000 (diariamente entre as 10h e as 20h) e por correio eletrónico, para geral@darvozaosilencio.org.
A comissão pretende recolher testemunhos e denúncias de pessoas que tenham sofrido abusos na infância e adolescência, até aos 18 anos.
O trabalho desta comissão independente decorre até 31 de dezembro, mas os testemunhos serão recolhidos preferencialmente até 31 de Julho, após o que a Comissão iniciará o processo de tratamento dos testemunhos recolhidos.
No final do ano, será entregue um relatório à Conferência Episcopal Portuguesa, que decidirá que acções tomar.
Além de Pedro Strecht, a comissão integra o psiquiatra Daniel Sampaio, o antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio, a socióloga Ana Nunes de Almeida, a assistente social e terapeuta familiar Filipa Tavares e a realizadora Catarina Vasconcelos.