Reportagem vencedora do Prémio Gazeta de Imprensa

A caixa de correio de Nossa Senhora

| 30 Jun 2021

Oito milhões de mensagens, guardadas ao longo de décadas, em que os devotos falam de guerra e paz, fé e descrença, amores proibidos, saúde e dinheiro, pais que se dão mal… Fazem-no como quem conversa com a amiga mais íntima. O “Correio de Nossa Senhora” é um retrato de um Portugal desconhecido e foi, pela primeira vez, aberto e desbravado. E nele se descobrem milhões de novos segredos de Fátima… O 7MARGENS reproduz a seguir a primeira parte da reportagem agora premiada com o Prémio Gazeta de Imprensa 2019-2020.

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O regresso da guerra, são e salvo, do filho, neto, noivo ou namorado, é o tema de muitas das cartas arquivadas. Foto: Correio de Nossa Senhora, no Arquivo do Santuário de Fátima. © António Marujo.

 

Uma folha de papel, banal, completamente em branco. Enviada por correio à Senhora de Fátima ou entregue no santuário? Não se sabe, perdeu-se já o rasto. O que quereria escrever, nesse gesto, quem a entregou ou enviou?… Outra folha, escrita corrida, mensagem curta: “(…) sabes quem sou. Não é preciso descrever a minha pessoa…” Cada uma transportando o seu mistério, essas folhas enigmáticas estão hoje recolhidas, a par de outras quase oito milhões de mensagens do mesmo género, no “Correio de Nossa Senhora”.

Nele, como se verá, encontraremos muitos mistérios e declarações, pedidos de saúde ou emprego para o próprio ou para outras pessoas, confissões de amores proibidos ou desilusões amorosas, angústias existenciais, orações pela paz no mundo ou pela “conversão dos pecadores” ou da Rússia, pelo fim da guerra colonial na sua dimensão política (a derrota dos “terroristas” ou do comunismo”) ou mais pessoal (um filho, um namorado, um neto mobilizados)… Mas também aparece uma “filha exilada” a falar das “dificuldades” e da “distância” que a impedem de abrir o coração” aos pés da Senhora de Fátima.

“Correio de Nossa Senhora” – essa é a designação da secção do arquivo que, numa cave da Basílica da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, guarda estas cartas, bilhetes e todo o tipo de missivas. O retrato de um Portugal de que, até hoje, nunca ninguém – historiadores, teólogos ou outros investigadores – se tinha aproximado…

Ali se encontra referido tudo o que foi e é importante na vida de milhões de portugueses e estrangeiros: o regresso da guerra, são e salvo, do filho, neto, noivo ou namorado; que o pai deixe de maltratar a mãe; que o marido deixe a vida dissoluta; que a mulher aceite a família do cônjuge; o fim da pobreza ou o emprego necessário para uma vida digna; um noivado ou um namorado desejado; a resolução de problemas de saúde ou a passagem nos exames para os quais (pouco ou nada) se estudou… Ou, até, o êxito do II Concílio do Vaticano, as necessidades e orações do Papa, a Igreja… Também há pedidos como o querer ficar mais “jeitosa”, passar férias de Verão no Algarve, “não cair em tentações”, a “graça de um bom Inverno”, “notícias do Brasil, da minha querida irmã” ou, simplesmente, poder crescer depressa para usar meias de vidro…

 

Um país desconhecido, nunca antes revelado
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Pedaços de cartão ou folhas A3, cartões de visita ou folhas timbradas, desenhos de crianças ou “ramalhetes espirituais”, velas e corações… “Um Portugal desenhado com o lápis, a esferográfica, caneta ou máquina de escrever de quem se expõe e se revela”. Foto: Correio de Nossa Senhora, no Arquivo do Santuário de Fátima. © António Marujo.

 

Fixemo-nos nas mensagens oriundas de Portugal – a maioria do arquivo, pelo menos na parte consultada, até 1975-1977. Diante dos olhos de quem agora as lê desfila um país desconhecido, nunca até hoje revelado – e que estes escritos ajudarão a compreender. Um país tal como era vivido por franjas dos mais simples, pelos sem-nome nem relevância, por quem a história nunca cita, a não ser enquanto números. Um Portugal desenhado com o lápis, a esferográfica, caneta ou máquina de escrever de quem se expõe e se revela. Sem constrangimentos nem limites – porque fala na intimidade –, ali estão os segredos e as dores da alma, os anseios, medos, dores e alegrias que enchem os dias.

Um país ainda com muitos sintomas de miséria social: uma professora com “ataques epiléticos e um forte esgotamento nervoso” não podia parar de trabalhar, pois não havia segurança social e ela ficaria sem trabalho e sem dinheiro… Um país politicamente sintonizado com a linguagem do regime, sobretudo no início da guerra colonial, mas que progressivamente quer, sobretudo, que os filhos, noivos, namorados ou netos regressem salvos da guerra. Um país que produzia estigmas sociais – uma filha pede para ser perfilhada pelo pai, uma “sigana” lamenta que baste a sua etnia para ser “pecadora”…

Que arquivo é este? Pedaços de papel quase minúsculos, pedaços de cartão ou folhas A3; cartões de visita ou folhas timbradas de hotéis, escolas ou escritórios; mensagens curtas de poucas palavras ou cartas longas de várias páginas; listas de pedidos ou registos de orações e pequenas (ou grandes) penitências; desenhos de crianças ou “ramalhetes espirituais” com uma espécie de inventário do que se conseguiu fazer; velas e corações recortados e pintados com curtas mensagens.

Há ainda listas de nomes. O cristianismo herdou da tradição judaica o valor do nome: a revelação bíblica começa por ser feita a pessoas concretas: “O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacob, o Deus de Moisés…” Hoje, a oração cristã mantém a ideia do nome como forma de tornar presente, fazer memória, assumir uma herança pu passar o testemunho. Escrever uma lista de nomes – há muitas, nomeadamente em mensagens em inglês – é, neste caso, uma forma de consagrar de forma mais íntima aqueles de quem se gosta.

Caligrafias são as mais diversas. Poucas cartas são dactilografadas e os especialistas poderão ter aqui um manancial de estudo como hoje já não existe… Letra direita ou irregular, redonda ou esguia, pequena ou larga, também na forma de cada pessoa escrever se expressam desejos, frustrações ou anseios.

 

“Soube agora mesmo que recebias cartas dos teus filhos…”

O remetente – há quem seja reincidente, pela caligrafia ou assinatura – sabe, quase sempre, a quem escreve, com quem fala e ao que vai: “Soube agora mesmo que tu recebias cartas de todos os teus filhos que te querem escrever. Então peguei no papel e na caneta. Queria falar contigo abertamente…” Ou ainda: “É a 1ª vez que as minhas mãos vão escrever uma carta à Mãe Puríssima, pois ao saber que era possível por este processo falar com a Mãe querida, eu não podia ficar indiferente.”

Escreve-se sempre à mesma confidente e amiga íntima, com muitas e diferentes invocações. Desde logo, traduzindo o sentido filial: mãe, mãezinha, mãe adorada, querida mãezinha do céu, mãezinha querida, minha mãe santíssima, minha boa mãe, querida mamã… Outras vezes, invocando a figura da mãe de Jesus: querida Nossa Senhora, minha querida Nossa Senhora de Fátima…

Poucas mensagens, assim designadas pelos arquivistas do santuário, identificam outro destinatário, com morada e tudo. Como neste bilhete postal dos Correios: ““Ex.m Jesus – Portas do Céu – Governado por Deus – (Santuário?) – Cova da Iria”. E há mesmo quem se refira ao(s) lugar(es) onde mora a destinatária privilegiada: “Não sei a morada do céu, por isso vos escrevo para o cantinho onde Vos dignaste aparecer”; “Como se encontra? Nesse lugar maravilhoso onde está tudo é maravilhoso.”

O tom de intimidade é grande. Uma das cartas começa por perguntar apenas: “Maria, estás boa?” Outra admite que basta o silêncio: “Não são necessárias grandes frazes pois tu entendes sempre as nossas súplicas mesmo mudas que sejam.” [Nas citações, mantêm-se a ortografia e a sintaxe como aparecem nas mensagens, mesmo quando isso inclui erros.] Há escritos enigmáticos, como a carta de várias páginas que se lê sem nunca entender de que assunto se está a falar, que será evidente para quem escreve (e para a destinatária…). Ou ainda esta: “Querida S: Os dias vão passando. Constatamos o seu peso, positivo, negativo, concreto, abstracto e cada um em face da responsabilidade pessoal perante si mesmo e o todo quer viver a vida e lutar pela sua eternidade. A quanta ilusão se anda sujeito no domínio do espírito e da matéria, ainda as q. mais possuem a verdade q. importa…”

 

Depois de escrever, “já estou mais bem disposta”
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A sala onde se encontra arquivado o Correio de Nossa Senhora. Esta investigação debruçou-se sobre as mensagens enviadas até 1977. Foto: Correio de Nossa Senhora, no Arquivo do Santuário de Fátima. © António Marujo.

Essa intimidade assume ainda outras expressões do quotidiano: “Beijinhos para todos os que estão no Céu e no Purgatório, Mãezinha dá beijinhos por mim se faz favor aos meus avós visto não poder dar-lhes eu. Muitos beijinhos ao meu querido JESUS CRISTO. E tu mãezinha receba um x-[coração desenhado] da filhinha amiguissima J.” Ou ainda MD, em 1977: “Estou a fazer perder tempo com este paleio todo, vai agora atender outro teu filho…”

(Duas notas: 1 – Tendo em conta as regras de consulta dos arquivos e de protecção de dados, os nomes não são identificados nesta reportagem; por isso, usa-se H para homem e M para mulher, seguidos da inicial do nome que assina a carta, quando é identificável; MD deve ser lido como M=Mulher e D=primeiro nome da autora da carta;

2 – Por acordo dos responsáveis do Santuário de Fátima, e garantido o anonimato, esta investigação, que pretendia avaliar e compreender a presença do tema da guerra no Correio de Nossa Senhora, estendeu-se até 1975, um ano depois do fim da guerra colonial; até há pouco tempo as mensagens eram guardadas sem a preocupação de arquivo e, por isso, as caixas respeitantes à primeira metade dos anos 1970 incluem mensagens de 1976 e 1977.)

A escrita é um meio de desabafar, pedir, interceder, agradecer… Ou manifestar dúvidas, angústias ou esperanças, e expressar ideias, sentimentos ou formas de ver: “A história das mentalidades daqui a alguns anos só pode ser feita a partir deste tipo de registo, que guarda não apenas isto”, mas também “a maneira de se escrever, a forma como as pessoas falavam, porque elas grafam tal qual falam”, nota Marco Daniel Duarte, director do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima.

Em vários casos, o próprio acto de escrever é já factor de apaziguamento: “Minha querida mãezinha do céu (…) estou num daqueles dias em que me apetece bater em toda a gente (…) já estou mais bem disposta (…) tenho a impressão de que estás zangada comigo, mas não estás, pois não.”

Quem escreve, sente necessidade de escuta, de uma relação tangível que eventualmente não tem no seu quotidiano ou que passa por sacralizar o dia-a-dia: “desculpa ter demorado tanto tempo”; “na impossibilidade de ir aí…”; “há tempos que não te escrevia”; “hoje é só um bilhetinho muito à pressa”; “por hoje é tudo…” E terminando, muitas vezes, de forma intensa e terna: “E depois, quando lá chegar [ao céu], dar-te-ei mil beijinhos e abracinhos, ou se for preciso até milhões.”

 

Uma religião feminina, jovem e das classes baixas

Não se sabe, ao certo, quando começou esta tradição, que existe também noutros santuários e lugares de peregrinação religiosos. A primeira mensagem poderia ser do final da década de 1920 (a datação não é clara), apenas uma dúzia de anos depois dos acontecimentos de Fátima, em 1917, quando três crianças contaram ter visto Nossa Senhora. A partir dos anos 1940, elas vão-se tornando mais frequentes. Avolumam-se nas décadas seguintes, até à explosão desde o início deste século: em 1967, nos 50 anos de Fátima, foram enviados alguns milhares de mensagens, arquivadas hoje em meia dúzia de caixas; em 2017, no centenário, encheram-se quase 240 caixas com cerca de 807 mil registos de devotos.

E é legítimo guardar as mensagens, que por vezes manifestam explicitamente a expectativa de que serão destruídas? No Muro das Lamentações, em Jerusalém, há diariamente muitas mensagens ali colocadas e quase todas (com excepção das que são colocadas por algumas personalidades) são depois destruídas. No santuário da Muxima, em Angola, estão guardadas mensagens desde o início do século XX e algumas das mais de 200 mil que nos últimos anos ali chegam anualmente já foram publicadas em livro (1000 Cartas à Mamã, de Honório Ruiz de Arcaute, ed. Instituto Missionário Filhas de São Paulo). Em Fátima, houve “hesitação” sobre o que fazer a este material, admite Marco Daniel. Após algum debate interno e consultados outros especialistas, optou-se pelo arquivo, iniciado de forma mais sistemática há quatro anos.

Provavelmente, não haverá outro acervo assim em Portugal – e não serão muitos os deste género, em todo o mundo. Numa amostra aleatória, e tendo em conta a baixa qualidade da escrita, percebe-se que quem escreve vem, sobretudo, de camadas mais simples e pobres da população, mas com a escolaridade suficiente para poder expressar-se.

“As pessoas viviam da agricultura e não iam à escola. Os pais dos nossos soldados nessa altura eram praticamente todos analfabetos, excepto nas famílias mais abonadas e já de outro extracto social”, recorda Aldina Vaza, professora de português e “madrinha de guerra” entre 1962-68.

Predominam também (70-80%, pelo menos, consoante as caixas, em amostras aleatórias) as mulheres como autoras. Entre elas, sobretudo alunas de escolas e colégios. Ou seja, este correio, no que diz respeito a remetentes portugueses até 1975, é sobretudo feminino, jovem e de origens sócio-económicas baixas. As preocupações de muitos (ou muitas, para ser mais rigoroso) são os exames que se avizinham: “Minha Nª Sra fazei com que eu, com um esforçozinho passe de ano”.

Quando as cartas abordam o tema da guerra colonial, a feminização desta correspondência torna-se também evidente: “Quem escrevia era quem ficava. Os homens é que iam para a guerra, portanto elas é que ficavam cá”, diz o bispo e historiador Carlos Azevedo. “Depois há também a sensibilidade feminina que recorre, de modo mais imediato e espontâneo, à protecção divina.”

 

Correio electrónico para a Senhora de Fátima
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Além de Portugal, as origens das cartas são predominantemente Espanha, Itália, Brasil, Irlanda, Estados Unidos e França, mas há também mensagens oriundas de países tão inesperados como a Nigéria ou o Vietname. Foto: Correio de Nossa Senhora, no Arquivo do Santuário de Fátima. © António Marujo.

 

Desde 2002, decidiu-se que nenhuma mensagem seria deitada fora – incluindo as que passaram a chegar por correio electrónico e são gravadas num disco. Na parte investigada – entre a década de 1940 até 1975 –, além de Portugal, as origens das cartas são predominantemente Espanha, Itália, Brasil, Irlanda, Estados Unidos e França. Depois da década de 1980, torna-se avassalador o número de mensagens da Polónia, país-natal do Papa João Paulo II, que tanto ajudou a internacionalizar Fátima. Mas há também mensagens oriundas de países tão inesperados como a Nigéria, Camarões, Ceilão (Sri Lanka), Vietname, ou ainda da Índia, Áustria, Alemanha, Holanda…

As necessidades humanas são muito diferentes: em inglês, espanhol, italiano ou francês, as línguas mais frequentes, encontram-se cartas e mensagens a pedir “melhores condições de vida com uma renda para as nossas condições”, um “emprego satisfatório”, “saúde para os filhos”, a “conversão de nós, pecadores” ou dos “pecadores” em geral, bons resultados escolares, um “namorado simpático”, a paz no mundo ou a conversão da Rússia, a necessidade de “ultrapassar as dificuldades económicas”, as intenções do Papa ou sucesso do Concílio Vaticano II. E também há quem diga que “ama as pessoas” e quem peça uma “morte feliz”…

 

“Desejamos todos ser melhores…”

Duas cartas oriundas da Colômbia, em Junho e Julho de 1966, escritas pela mesma pessoa, podem sintetizar o espírito da maior parte das pessoas que escrevem: Deseamos todos ser mejores, muchisimo mejores de lo que somos. A linguagem é a da época, mas a esmagadora maioria pede, explícita ou implicitamente, para ser melhor – seja em geral, seja em pormenores que a pessoa tem como mais graves do seu feitio ou comportamento.

Os pedidos começam por ser pelo próprio, para que abandone ou aperfeiçoe atitudes do seu comportamento: “pedir que me tirásseis este horrível defeito que tenho de roubar”, escreve alguém em 1958. “Peço paciência para com os meus filhos”; “ser melhor do que sou, ser mais humilde”; “sou má para com as irmãs do colégio que tanto bem nos querem”; “[que cessem] os acessos que tenho sempre, e dizem que estou [??] e tenho de ser tratada pelo espiritismo – prometo não frequentar mais os espíritas.”

Abundam as mensagens de gratidão por “graças recebidas” ou os pedidos por necessidades de outras pessoas, familiares, amigas ou conhecidas: “sorte para os exames, para mim e colegas”; “ajuda a minha colega que neste momento está pior”; “para que os meus pais deixem de beber”; “pedido de socorro para estes meus amigos necessitados”. “Peço uma graça a Nossa Senhora de Fátima que cure A. e que dê muita saúde.” Algumas são situações mais dramáticas: “[HA tem] 23 anos perdeu a fé, anda metido na droga”; “Dai espírito de justiça a meu marido tirar dele o vício da bebida.” “A graça de meu marido afastar-se do vício do álcool.”

Outras olham também para longe e assumem a fé: “Dai paz ao mundo, perdoe a todos os que procura me prejudicar, pois de coração eu os perdoo.” E o pai, J, de 53 anos, “também sem fé [está] no caminho errado.” Ou dizem uma boa intenção: “faço este sacrifício, dar metade do meu paposseco a uma colega”.

Em muitos casos, escreve-se como quando se fala a alguém que está dentro dos assuntos: “Mãe Querida, não vou descrever uma composição [poética?] cheia de lirismo, pois bem sabeis como sou, e o que pretendo.” Ou: “Querida Mãezinha do Céu: (…) Não recuses à Tua filha tão pecadora e indigna, mas que Te ama. Tu também me amas, eu sei, se não me amasses, eu desde aquele dia 16 de Abril tinha tornado a cair naquele pecado… e Tu tens-me dado força para resistir à tentação”, escrevia MF.

Há quem tenha o sentido da urgência: “o que te peço de me mandares já na volta imediata do correio é juízo, força de vontade e prudência.” Quem deixe perguntas em suspenso: “Mãezinha. Quando é que começamos? Teu filho pecador. B.” Ou quem se apresente: “Eis-me humilhado no abismo do meu nada a traçar estas linhas”, escreve alguém de Rabo de Peixe (São Miguel, Açores).

 

“Despachar de vez esta porcaria da escola que tanto detesto…”
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Centenas de cartas são identificadas em papel timbrado de colégios católicos ou escolas públicas. Foto: Correio de Nossa Senhora, no Arquivo do Santuário de Fátima. © António Marujo.

 

Porque escreviam tantas crianças e jovens em idade escolar? Centenas de cartas são identificadas em papel timbrado de colégios católicos ou escolas públicas: Colégio do Sardão (Gaia), Colégio Moderno S. José (Vila Real) Colégio Imaculada Conceição (Lamego), Colégio de Nossa Senhora do Alto (Faro), Colégio Sagrado Coração de Jesus (Póvoa de Varzim), Escola Ferreira Borges (Lisboa)… Algumas destas escolas já fecharam, mas Leonor Brás, das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, que esteve no Colégio da Imaculada Conceição, em Lamego, recorda que o movimento Filhas de Maria promovia o que, a dado momento, se tornaria uma “tradição muito arreigada” na escola. As religiosas ou alguns dos professores incentivavam as alunas a escrever, sobretudo por ocasião do dia da Imaculada, a 8 de Dezembro.

Leonor Brás já só ouviu ecos dessas actividades quando esteve no colégio, a partir de 1974. Uma outra irmã que ali tinha estado, Célia de Maria, professora de Matemática, era uma das que mais entusiasmava a escrita destas mensagens. “Tinha um dom especial para atrair os jovens”, diz, mesmo se havia outros professores que também se envolviam.

Além de outros temas – os pais, a paz no mundo… –, as crianças pedem sucesso no estudo e nos exames. Num dos desenhos, colorido, uma menina escreve: “Hei-de oferecer a Nossa Senhora estudar todos os dias as lições, rezar…” Os ramalhetes espirituais – lista de devoções ou pequenos gestos de abnegação, registados como numa folha estatística – preenchiam-se (e ilustravam-se) com o que cada um(a) tinha conseguido, por vezes implicando esforços físicos: “levantei-me muito cedo para ir à missa e estava cheia de sono”; “estive de jejum até às 11h e custou-me muito”; “levantei-me muito cedo para estudar as minhas lições”; “fiz o sacrifício de não comer amêndoas quando me apetecia bastante” ou de “comer tudo e não responder à minha mãe”; (…) de “jogar à bola com um calor de arrasar por obrigação” ou “de estar todo o estudo sem movimentar os membros inferiores”.

“Que os meus exames corressem o melhor possível (…) para ver se despacho de uma vez para sempre esta porcaria toda que eu tanto detesto. E queria que desse uma grande vontade para estudar”, pede uma aluna mais assertiva do Colégio do Sardão, em Maio de 1976; e MT, de um grupo de Castelo Novo (Fundão), vai no mesmo tom: “Mãe exijo-te a minha dispensa das orais (por cima) e a passagem da Maria Aurélia (…) (se o faço é porque tenho a certeza que tu podes).”

O medo de eventuais castigos está por trás de vários pedidos: “Para uma criança, pode ser emocionalmente muito violento pensar ‘se eu não tiro aquela nota, o meu pai bate-me’”, observa a psiquiatra Luísa Gonçalves, que acompanha traumatizados de guerra no Hospital das Forças Armadas.

Dois alunos facilitam o trabalho à Senhora de Fátima: uma rapariga admite não ter estudado o suficiente, garante que mudará a seguir, mas precisa de notas para passar e não ser castigada pelos pais: “Português-14; Francês-16; Ciências-13,5; Matemática e Desenho-14”. HP está para enfrentar a prova oral: “Eu queria que me sai-se no exame na prova oral. História, D. Pedro V e D. Luís, nas Ciências, guelândulas e dentes, na Geografia Timor e Serras de Portugal Continental, Gramática pronomes e numerais, Português um período fácil, Geometria os ângulos, Desenho fácil.”

Uma outra menina, do Colégio do Sardão, também pede “a passagem de ano, assim como a todas as da minha aula, mesmo as fracas” e lista igualmente notas concretas. HA, de nove anos, também quer passar de ano, mas admite: “Já sei que há um ditado assim: – Fiate na Virgem, mas ela não estuda por ti…”

 

“Eu gostava que o meu gaiato gosta-se de mim”

Nem só de medos se faz a relação dos filhos com os pais. Também há preocupação com situações dramáticas: “O que lhe pesso com mais fervor é que junte a minha Mãe e o meu Pai”; e, por cima da frase numa folha A5, as palavras Pai e Mãe, em letras grandes. “Para que a minha mãe se ponha bem com o meu pai” ou “que o meu pai me aperfilhe” são outros desejos do género.

“É importante para aquela criança ter aquela nota, é importante para aquele homem não bater na mulher e é importante para aquela mãe não perder o filho. Cabe tudo na mesma cestinha”, acrescenta a psiquiatra Luísa Gonçalves.

Entre o casal nem sempre as coisas correm bem: uma carta do interior centro pede que o marido regresse de Lisboa, pois não há notícias… Outra pede a conversão do “esposo que vive na corrução, com mulheres prostitutas” e que ele volte “para o seu sagrado lar”; e uma terceira “a graça de um homem afastar-se de uma mulher meretriz com quem vive”.

MP vai directa ao assunto: “Que o meu marido sinta desejo, necessidade de vir para junto de mim.” Mas do lado inverso também surgem queixas, mesmo se mais raras: “Fazei com que a minha Esposa me trate com dignidade e abandone em definitivo a linguagem insultuosa. Fazei com que a minha Esposa deixe de odiar a minha família (meus pais e meus irmãos) e com que ela se reconcilie.”

Várias mães pedem para ter um filho – “desejaria tanto!”, exclama uma, “casada há vários anos” – ou “uma menina”, depois de já ter outros filhos rapazes. Uma mulher faz depender ter outra criança da promoção do marido: “Ando com este sonho de termos outro bebé mas não temos posses.” E outra mãe quer “joizo” para o seu “filhinho”.

“Agora vamos a um assunto muito delicado e que fica só entre nós. Eu gostava imenso que o meu gaiato gosta-se de mim”, escreve alguém que riscou o nome e resumiu o remetente a um “De mim”. Escreve de Évora, em 1973: “Ele já disse a uma amiga minha que gostava, mas não há meio de desembuchar. Ajuda lá o rapaz a resolver-se. Olha se puderes faz com que ele passe melhor do seu estômago e da coluna que o rapaz anda sempre com dores, etc.”

MV conta a desilusão: “Disseram-me que se pedisse as coisas na noite de 24 para 25 de Março – Anunciação – seriam concedidas. Eu pedi, entre elas pedia para que me desses um moço bom, católico e compreensivo. Ele apareceu, mas tem moça, mãezinha, porque aconteceu isto? Eu gosto dele e tu bem sabes, perdoa se o que te peço é pecado, mas se for possível, fazei com que ele volte para mim, trá-lo. (…) Se o A. voltar, Mãe farei todas as forças para que não praticar o pecado tão grande que tu Querida Mãezinha bem sabes.”

De uma pequena vila do Norte chega outra frustração: “o rapaz que queria casou-se com outra, parecia que estávamos um para o outro, há 3 meses que sofro…” Também aqui há urgência: “Então com 19 anos e sem encontrar o rapaz dos meus sonhos, o rapaz ideal? Chego a ficar nervosa ao pensar que não encontro rapaz que há-de ser digno de mim…”, escreve alguém que quer ser professora, de uma cidade do Norte, em 1966. Com uma nota final que mostra a expectativa sobre o destino da mensagem: “Na hora em que a carta estiver a ser queimada dai-me uma prova concedei-me qualquer graça.”

“Por aquela pessoa que tu sabes quem é”, pedem várias cartas, em diferentes fórmulas. “Deixa-me sair deste colégio, voltar à Póvoa de Varzim, encontrar o Tó e viver sempre, sempre com ele. Quero viver com ele mas legal/, claro! Tu bem sabes, né? Os meus pais são uns botas de elástico. (…) Deixa a F. vir visitar-me e DÁ-ME NOVAMENTE O MEU TONYZINHO!!”

MT manifesta o desejo mas rende-se à possibilidade: “Fazei com que A.P. me ame e me case com ele era todo o meu sonho que ele me amasse acima de todas as mulheres (…). Gostava de ir para França de correr mundo. (…) E se não for possível casar com A.P. fazei com que ele seja muito feliz.”

Querida Mãezinha (…) Gostava de ir a muitas festas este Verão e será muito fazer um pouquito de sucesso? Desculpa”, pede uma carta, sem data nem assinatura. “Dai-me um bom marido”, sintetiza outra. E há quem peça: “que abrandes o coração da mãe do rapaz a quem amo se for para glória de Deus e salvação da minha alma.”

 

“O fogo que tenho cá dentro”
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Muitas das missivas revelam dramas que na época eram tabu devido a uma moralidade que impunha inúmeras restrições. Foto: Correio de Nossa Senhora, no Arquivo do Santuário de Fátima. © António Marujo.

 

A moralidade da época, estrita, impunha restrições às próprias consciências: “Que não tenha tão maus pensamentos e que não consinta neles”; “(…) Eu tenho 18 anos, uma idade formidável, mas cheia de tentações. Ajuda-me e acompanha-me na minha vida sempre.”

Dos Estados Unidos chega uma carta, acompanhada de um folheto impresso com três fotos, incluindo uma com Ronald Reagan ainda governador da Califórnia. Na carta e no folheto, fala-se de Robert K. Dornan, porta-voz da organização Citizens for Decency Through Law (Cidadãos pela Decência Através da Lei). Dornan, para quem o remetente pede uma bênção da Senhora de Fátima, “lutou nos tribunais contra os editores da Penthouse, Bob Guccioni, e da Playboy, Hugh Hefner”.

Maus pensamentos, no conceito da própria, foi o que uma aluna de um colégio religioso sentiu durante alguns dias em que escreveu uma espécie de pequeno diário, confessando a paixão que sentia por uma das religiosas, tema proibido na época: “22-5-64: Fiz o sacrifício, dominando-me não deixando ver o fogo que tenho cá dentro, amor pela Madre P., já não podia mais sem expludir. 23-5-64: Fiz o sacrifício de me dominar quando fui abrir a porta à Madre P., não expludindo com o fogo de amor que anda há muito no meu coração, por ela. 29-5-64: Fiz o sacrifício de me dominar quando a Madre Subdirectora disse que a Madre P. ia na minha camioneta. (…) Fiz o sacrifício de não ver a Madre P. à noite.”

Há outros dramas que na altura também não eram falados. ML implora: “Peço-te encarecidamente a pureza de corpo e de alma senhora. Quantas vezes a minha pureza já esteve em jogo senhora. Algumas vezes fui forte, outras vezes tão tão cobarde senhora. Quantas vezes deixei que meu pai me tocasse, sem saber que aquele acto era impuro. (…) Faz-me mais íntima e mais confidente da minha mãe… (…) Converte o meu Pai e se for preciso tira-lhe aquelas forças vitais de sexo se assim o achares conveniente. Mãe sabes que me estou a tornar mulher eu bem o sinto, sabes que em presença dum chamamento do meu pai, se tu não me acodes eu caio na lama incalculável e vou ao inferno. Mãe não permitas tal.

Neste capítulo, uma outra jovem desabafa sobre um rapaz que a teria engravidado, sendo no momento em que escreve assediada por um outro. “E agora vem outro a gozar comigo, quem me vai aceitar?” E ML escreve, em 1961, de uma cidade no sul: “Espero também o perdão daquela vez que menti dizendo à Irmã que não tinha estado com más conversas no dormitório quando ela foi à Beira; também espero perdão embora quando eu o fizesse não soubesse ainda se era pecado mortal, mas vá lá, daquela má acção que fiz na quinta com um preto. Sim?”

 

“Pesso a Senhora de Fatima mi tirar desta pobreza”

Problemas de saúde, dificuldades económicas, situações de pobreza ou grandes necessidades de emprego confundem-se vezes nas cartas como preocupações graves. “Pesso a Nossa Senhora de Fatima mi tirar mi desta pobreza mais meu filhinho”, pede uma mãe.

MF, numa carta sem data, roga, sem rodeios: “Fazei com que eu tenha um emprego que ganhe o suficiente para não me estar a vender. Com que arranje um rapaz, para eu amar respeitar e dar-lhe filhos.”

Numa carta dactilografada, “um filho ingrato” pede trabalho para os “filhinhos”, a possibilidade de “pagar aos credores” e “voltar a ver um bocadinho de alegria no lar”. Sorte nos negócios, a possibilidade de pagar dívidas ou de ter um (bom) emprego – para si ou para outros familiares – são pedidos recorrentes.

Depois da implantação da democracia, em 1974, os pedidos continuam a manifestar idênticas necessidades e desejos: um “emprego onde possa ganhar o pão”, não se andar nos “caminhos errados”, ver os filhos aproximar-se de Deus e o aumento da fé…

No capítulo físico, deseja-se “uma esmola de saúde” ou que os problemas passem “como passa um vento”. Muitas cartas pedem ou referem os problemas concretos: “remoçai a minha pele e meus cabelos”, “curai os meus dentes”, “cortar na comida”… Pede-se a cura de uma perna e um braço que não se movem: “até um vizinho esteve tuberculoso, rezou a Nossa Senhora e ficou curado, com espanto dos médicos”. O mau hálito também é um tormento para alguém, mesmo lavando os dentes todos os dias – e essa é uma das razões para não rezar sempre.

Um “devoto” pede “resignação com os sofrimentos constantes de que [a esposa] é padicente em virtude de pertinaz doença que lhe aflige de muito tempo a esta parte, zombando assim, dos recursos médicos empregados à cerca de seus males e achaques”. Para ela, pede: “Se fôr de vossa augusta vontade, quando não a cura, mas um alivio que lhe proporcione forças para o desempenho de suas obrigações domesticas e religiosas.”

 

“Esta rosa é tudo que tenho para te dar…”
correio nossa senhora 7

Dúvidas, medos, cansaço e pedidos de ajuda percorrem a maioria das cartas dirigidas a Nossa Senhora. Foto: Correio de Nossa Senhora, no Arquivo do Santuário de Fátima. © António Marujo.

 

“Desculpa minha ousadia em te tratar por tu, mas para mim é mais familiarizado, estou mais em contacto contigo (…) e também mais à vontade.” Nas questões da fé, voltam ao de cima a intimidade com que se fala, o despojamento perante o sagrado, o pedido de mais intensidade no acreditar. Em 1967, MM escreve, do Norte: “Esta carta é só para ti.” Ainda mais a norte: “Não posso contar os beijos que me apetece dar-te.” Ou ainda: “Senhora linda dos meus amores Tu sabes que é assim que eu gosto de te bradar, de falar contigo…”

Querida Mãe. Já que ninguém tem tempo para me ouvir ouve-me tu”, pede uma mensagem. Uma outra, do sul, em 1967: “Ensina-me a rezar porque eu não sei rezar.” Ou um enigmático pedido de MI: “Faz-me seguir os teus passos na noite escura e densa que é a minha vida.”

Atravessam-se dúvidas, há desafio e cansaço em várias afirmações: “tudo o que te peço nada me fazes e não me queiras convencer que tudo que peço é-me prejudicial que me vencerás mas não me convencerás.” Ou, numa carta de 1966, remetida de uma cidade no centro do país: “Mãe, peço-te que me ouças como deve ser mesmo que seja por uns minutos só. Sei que não te preocupas muito comigo e digo-te isso porque sinto-o muito bem! Mas apesar de tudo peço-te que me ouças só hoje pelo menos.”

A carta começa com a caligrafia ordenada e direita, vai ficando progressivamente mais caótica: “venho dizer-te que gosto de ti apesar de não me ligares ‘meia’ – ‘O que interessa é eu gostar de ti’ e por causa disso aqui estou para te falar” [a irmã P. já não me liga] Para quê ligar a uma simples C. que nem soube vir ao mundo como deve ser apesar de não ter tido culpa? (…) Hoje não tenho ninguém a quem recorrer e nem tu Mãe, sinto-te tão longe! (…) já não te peço que te preocupes comigo mas ouve as minhas pobres orações às vezes ditas com tanta pouca confiança e às vezes ditas com tanto medo…”

ML tem dúvidas, mas quer ultrapassá-las: “Olha eu não sei o que dizer-te na verdade não sinto nada por ti, mas quero amar-te, amar-te muito porque sei que me amas e és minha mãe. Quero ter-te como modelo, quero sentir algo grande por ti. Vais ajudar-me não vais? Tenho a certeza que sim, porque tu amas-me muito. Adeus mãezinha um beijo da L.”

Não fosse a Senhora de Fátima e as coisas poderiam ser graves em algumas situações: “Querida Mãezinha (…) bem sabes que só te tenho a ti neste mundo e para mim tu és tudo. (…) não me abandones, não vês como me sinto só. Há momentos que se não fosses tu já tinha acabado com a vida.”

Talvez por situações semelhantes, em 1967, MM apresenta-se e diz: “Quem vos escreve é uma mãe aflita, e que já passou uns bons pedaços. Vós sabeis e já me socorrestes. (…) Minha filha é portadora de uma rosa que vos mando (…) Aseita o mãe esta rosa que é tudo que tenho para te dar e muito para desejar que são tantos.”

 

Esta reportagem teve o contributo, nas entrevistas, do jornalista Joaquim Franco, então a trabalhar na SIC, onde foram emitidas três reportagens com base neste trabalho, com o título genérico Livrai-nos da Guerra. A investigação foi possibilitada pela Bolsa de Investigação Jornalística da Fundação Calouste Gulbenkian atribuída em 2018. O conjunto dos trabalhos pode ser também visto e consultado na página da Fundação

 

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