Clássicos em Cena em 7ª edição

A “Castro” e outros clássicos do teatro para descobrir em Lisboa (e no YouTube)

| 23 Nov 2022

Teatro Maizum

A encenadora Silvina Pereira (segunda à direita) ensaiando com o Teatro Maizum a nova edição dos Clássicos em Cena. Foto © Júlio Martin

 

A Castro, de António Ferreira, e outras duas peças clássicas, serão objecto de duas leituras encenadas nas próximas sexta-feira e domingo. As sessões incluem-se no programa da 7ª edição dos Clássicos em Cena, que decorre na Livraria/Galeria Sá da Costa (R. Serpa Pinto, 19, ao Chiado, em Lisboa), com entrada livre, e também no canal do Teatro Maizum no YouTube.

Sob o mote “Teatro clássico português: um repertório a descobrir”, o programa tem direcção de Silvina Pereira e pretende divulgar os textos clássicos teatrais portugueses através de um projecto interdisciplinar, que cruza investigação com a prática cénica. Esta 7.ª edição é dedicada às três únicas tragédias portuguesas conhecidas do “século de ouro” português: A Vingança de Agamenom, de Anrique Aires Vitória; A Tragédia do Príncipe João, de Diogo de Teive, e a Castro, de António Ferreira.

Será precisamente a Castro o objecto da leitura encenada de sexta-feira, 25, a partir das 19h; uma hora depois, Márcio Ricardo Muniz (Universidade da Bahia, Brasil), Guilherme Filipe (Universidade de Lisboa) e Silvina Pereira conversarão sobre a peça e o seu contexto cultural, bem como sobre o teatro e a actualidade.

No domingo, às 17h, 18h e 19h, serão feitas as leituras encenadas, respectivamente, de A Vingança de Agamenom, A Tragédia do Príncipe João, e Castro. Às 20h, será tempo de nova tertúlia e iguarias.

Sobre o primeiro texto, lê-se na folha de sala que ele reformula o mito de Electra – “mau grado o título, o tema não é tanto o mito de Agamémnon, mas o de Electra – no contexto do cristianismo, horizonte a que era originalmente estranho”. E acaba por colocar “as múltiplas questões relativas à compatibilidade ou incompatibilidade da visão trágica e da visão cristã, fazendo marulhar, nas margens do texto escrito, a (im)possibilidade de diálogo entre as duas ‘culturas’.”

Já a peça de Diogo de Teive inaugurou a tragédia clássica em Portugal (1554). Outros dois textos seus, David e Judith, perderam-se, e por isso só esta Tragédia do Príncipe João permite avaliar a sua qualidade de autor dramático. O texto fala de um Portugal no seu ocaso demográfico e económico, esgotado e próximo da perda da independência.

A Castro, escrita por António Ferreira, é colocada na folha de sala na linhagem de Tristão e Isolda ou Heloísa e Abelardo: “Os trágicos amores vividos por Pedro e Inês alimentam e renovam o mito ocidental do amor paixão, fadado à desgraça.” Com este texto, António Ferreira “contribui para a nacionalização da tragédia, tomando para centro do conhecido episódio da história nacional uma mulher, ainda que estrangeira”. Com essa opção, “alcançou combinar uma linguagem elevada com expressão natural”, confrontando “as razões do amor paixão, defendidas por uma amante suplicante mas altiva, aos princípios da razão de Estado. A Castro, definitivamente, é a tragédia portuguesa por excelência, do texto, do autor e da amante”.

 

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