
Não é fácil dar de caras com boas notícias – pelo menos, nas nossas televisões, nos nossos jornais, nos sítios da net. Foto © 69joehawkins, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons.
Sou franco: volta e meia, ponho-me por aí à cata de boas notícias, para fugir um pouco das tristezas e desgraças quotidianas, para respirar um ar mais fresco, para continuar a acreditar que nem tudo é mau, sei lá… Sabem do que falo, não sabem? Mas não é fácil dar de caras com boas notícias, elas não abundam mesmo – pelo menos, nas nossas televisões, nos nossos jornais, nos sítios da net que frequentamos.
Às vezes, no entanto, uma salta-nos aos olhos a partir do ecrã:
Uma empresa da freguesia de Vermoim, em Famalicão, vai entregar um bónus de 500 euros a cada trabalhador pelo esforço e dedicação que demonstraram durante este ano, mantendo assim a política da empresa implementada há já dez anos. “Entendemos que se trata de um trabalho de equipa e que, apesar das dificuldades devido à pandemia, todos participaram com empenho para serem atingidos os objetivos, pelo que o reconhecimento é mais do que justo”, explica o empresário António Macedo, um dos administradores da [empresa] Sol e Mar Toldos. (O Minho, 15-12-2021)
Olha que bem! Parece uma coisa que devia ser normal, uma empresa que tem patrões e trabalhadores, e todos concorrem para que o negócio corra bem e dê lucros, e dando lucros repartem-se também um bocadinho por todos. Por todos. Parece uma coisa que devia ser normal. Pelo que vamos vendo, nem por isso, parece mais regra do que exceção…
Mas olha que no dia seguinte me salta outra boa notícia:
A empresa de confeção de vestuário Baptista e Soares, na Póvoa de Lanhoso, decidiu atribuir a cada um dos 130 colaboradores um prémio financeiro de 250 euros de forma a agradecer todo o empenho e disponibilidade demonstrados durante o ano de 2021. (…) “Se o fizemos foi porque os colaboradores o mereceram. Têm estado muito disponíveis para acorrer a situações de bem servir os clientes a tempo e horas e achámos que era uma atitude justa da nossa parte”, considerou o empresário [José Baptista, administrador da empresa]. (O Minho, 14-12-2021)
Olha que bem outra vez! E que palavras aquelas… agradecer… colaboradores mereceram… muito disponíveis… uma atitude justa… Será por ser o ano que é ou será que eu noutras alturas não tinha reparado? Seja como for, é interessante que olhe para isto como uma notícia meio invulgar (e não é?…). Uma coisa que, aparentemente, devia ser normal, banal, sem espanto.
E lá vem outra:
Cerca de 300 colaboradores da empresa de plásticos Casfil, sediada em Vila das Aves, concelho de Santo Tirso, vão receber um ordenado extra como motivação e valorização pelo trabalho desenvolvido ao longo do último ano. (…) O empresário Luís Ferreira Pinto decidiu atribuir o prémio consoante o tempo em que cada colaborador trabalha na empresa, não existindo, portanto, um valor fixo definido. (O Minho, 12-12-2021)
E mais outra:
Cerca de 700 trabalhadores da Lameirinho, de Guimarães, vão receber um prémio de 500 euros pelo esforço que fizeram durante a pandemia. (CNN Portugal, 4-12-2021)
E outra ainda:
Grupo Laskasas sobe salário mínimo para 750 euros em 2022 – A medida entra em vigor em 1 de janeiro de 2022, para os colaboradores da empresa de mobiliário. O Grupo Laskasas, com sede em Rebordosa, Paredes, fundado em 2004, por Celso Lascasas, é uma marca de mobiliário 100% portuguesa que emprega 430 trabalhadores. “A empresa tem apresentado resultados positivos e continua a crescer de forma sustentada e o mérito é, sem dúvida, dos nossos colaboradores. Acredito que estes bons resultados só são possíveis com uma equipa altamente motivada, empenhada e dedicada como a nossa”, destaca o CEO da Laskasas, Celso Lascasas. (Novum, 22-11-2021)
E como não há cinco sem seis, aqui vai mais:
Paga acima da média, oferece viagens aos trabalhadores e tem um departamento de felicidade. Empresa de Braga é história de sucesso. (…) O grupo Bernardo da Costa criou o departamento da felicidade que oferece férias aos colaboradores, serviços de lavandaria, entrega de comida ao domicílio e estabeleceu como ordenado mínimo o valor de 800 euros. (CNN Portugal, 6-12-2021)
Só para acabar, mais uma que vem já de fevereiro de 2021:
A empresa Centauro Internacional, em Castelo Branco, atribuiu um prémio de 1000 euros a cada um dos 183 funcionários pelo bom trabalho desenvolvido no ano passado. (…) A decisão da unidade fabril do setor da refrigeração, presidida por José Ribeiro Henriques, de 85 anos, é um “estímulo” e um apoio “à vida pessoal e familiar” dos trabalhadores num ano difícil devido à pandemia. (Jornal de Notícias, 24-2-2021)
Já chega?
Ainda não. Vamos só a mais um ou dois exemplos, precisamente para ver se isto serve de… exemplo!
A empresa têxtil Estrela do Campo, em Carapeços, Barcelos, deu um prémio de 769 euros a cada um dos seus cerca de 70 funcionários como “gratificação” e “reconhecimento” pelo esforço com que estes contribuíram para o seu sucesso durante o ano de 2020 em plena pandemia. (O Minho, 30-7-2021)
Procalçado atribui prémio extraordinário de 500 euros a cada trabalhador. Grupo com sede em Pedroso, Vila Nova de Gaia, conta com mais de 400 trabalhadores. “Tempos especiais merecem um reconhecimento especial”, frisa. (Dinheiro Vivo, 22-12-2021)
E pronto, era mais ou menos isto.
Soube bem ler, sabe bem partilhar, melhor ainda se em vez de dez fossem cem, ou mil, ou um milhão, no fundo todas aquelas a quem o negócio correu bem e que não se esqueceram de quem fez por ele para que ele corresse bem.
Tentarei estar por aqui dentro de um ano e contar mais destas, muitas mais. Bom 2022!