A claustrofobia das cidades grandes

| 11 Ago 2023

Os prédios do Dubai vistos a partir da estrada que dá entrada na cidade. Foto © Ricardo Perna

“Moro no oitavo andar de um prédio estreito, desses prédios típicos de metrópoles abarrotadas.”  Foto © Ricardo Perna

 

De cotovelos postos no único parapeito da casa, debruço-me na esperança de ver as plantas pousadas, lá em baixo, nos vasos da área de serviço.

Moro no oitavo andar de um prédio estreito, desses prédios típicos de metrópoles abarrotadas. Durmo engavetada numa mezzanine com o ar condicionado por cima dos joelhos, cozinho atabalhoada num fogão que mais parece um brinquedo infantil; mas, ao menos, tenho uma janela ampla que ocupa toda a parede da sala.

Fecho os olhos na direção da claridade e imagino que todas aquelas janelas esgotadas, de braço dado com os ares-condicionados, são aves livres a dançar no calor do céu. Depois conjecturo troncos de sobreiros, beijados na raíz, por restolhos sobre os quais esvoaçam as aves.

Reabro os olhos, na direção da cortina, e sonho que voo através dela. Depois acordo e, no lugar dos troncos imaginados, estão pilares exaustos e janelas fechadas a enaltecer os ares-condicionados.

Faço os possíveis para controlar as minhas crises de ansiedade claustrofóbica. Pronto, calma, moro numa das cidades mais povoadas do mundo, está bem; vivo num oitavo andar de um prédio com dez apartamentos por andar; pronto, calma, não sou a única. Se os outros conseguem, eu também hei de. Calma! Tenho a ópera a bom preço no teatro municipal – sento-me no meu século favorito, o XIX. E, pelo menos, é uma metrópole com praia a duas quadras da minha mezzanine. Sim, pelo menos estudo teatro numa das escolas mais conceituadas do universo teatral: “O Tablado”; ah, que ator não sonhou, um dia, pisar o Tablado?

Caramba, pelo menos vou às tertúlias de poesia com a frequência que quero e encontro grandes poetas, de quem me vou tornando amiga.

Tenho muita raiva da minha claustrofobia porque me rouba tudo isso… isso que só uma metrópole sanguessuga nos proporciona.

Cada vez me conheço menos… afinal o mar gelado, as gaivotas, o silêncio e as ruas desertas valem mais do que o teatro, a poesia, a ópera e o regresso ao sec. XIX.

Ana Sofia Brito começou a trabalhar aos 16 anos em teatro e espetáculos de rua; Depois de dois anos na Universidade de Coimbra estudou teatro, teatro físico e circo em Barcelona, Lisboa e Rio de Janeiro, onde actualmente estuda Letras. Autora dos livros “Em breve, meu amor” e ” O Homem do trator”.

 

Um dia para conhecer a ecologia integral e aprender a pô-la em prática

Encontro da Rede Cuidar da Casa Comum

Um dia para conhecer a ecologia integral e aprender a pô-la em prática novidade

Porque o Planeta é de todos e todos são chamados a cuidar dele, a REDE Cuidar da Casa Comum vai realizar, no próximo dia 30, o encontro nacional “Também Somos Terra”, para o qual convida… todos. O evento terá lugar no Seminário de Leiria e será uma oportunidade para conhecer melhor o conceito de ecologia integral, em particular na vertente da economia social e desenvolvimento comunitário.

Apoie o 7MARGENS e desconte o seu donativo no IRS ou no IRC

Breves

 

Com a complacência do Governo Modi

Violência contra cristãos bate recordes na Índia

Nos primeiros oito meses deste ano o United Christian Forum (UCF) documentou 525 incidentes violentos contra cristãos em 23 Estados da Índia, quando em todo o ano de 2022 o mesmo organismo havia registado 505 ocorrências. A maioria dos ataques (211) teve lugar no Uttar Pradesh. Perto de 520 cristãos foram detidos em todo o país ao abrigo das leis anti-conversão.

Que mistério este, o coração humano

Que mistério este, o coração humano novidade

Acreditamos na paz, na humanidade, em nós próprios, em Deus, em deuses, no diabo, na ciência. E é legítimo. Sem dúvida. Somos livres, e livres de buscar a verdade conforme nos apraz. Assim, deixamo-nos levar por normas, por credos, por mestres de todas as cores e feitios; submetemo-nos livremente a uma entidade, a uma ideia, na perspetiva de que isso nos aproxima do grande mistério do universo.

Comunidade Bahá’i denuncia “hipocrisia” e “desrespeito” do Presidente iraniano na ONU

Perseguição dura há 44 anos

Comunidade Bahá’i denuncia “hipocrisia” e “desrespeito” do Presidente iraniano na ONU novidade

Quem ouvir o discurso que o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, fez na semana passada na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, mostrando o Alcorão, defendendo a igualdade e apelando ao respeito pelas religiões em todo o mundo e à não violência, poderá ser levado a pensar que o pais está finalmente no bom caminho quanto ao respeito pelas minorias religiosas. Infelizmente, não é o caso, alerta a Comunidade Bahá’i Internacional (BIC, na sigla inglesa), para quem “a hipocrisia de tirar o fôlego do governo iraniano deve ser denunciada. Se o governo iraniano acredita que todas as pessoas são iguais, porque tem perseguido sistematicamente a comunidade bahá’í do Irão durante os últimos 44 anos?”, questionam.

Comunidade Loyola: um sistema montado para vigiar, punir e abusar

Os estragos do padre Rupnik (2)

Comunidade Loyola: um sistema montado para vigiar, punir e abusar novidade

A existência canónica da Comunidade Loyola é reconhecida em 1994, mas nessa altura havia já um percurso de cerca de dez anos atribulados em que se combinam a busca do carisma, a adesão de mulheres, umas mais entusiasmadas do que outras, e uma prática de abusos espirituais e sexuais por parte daquele que fez as vezes da superiora – o padre jesuíta esloveno Marko Ivan Rupnik.

Agenda

There are no upcoming events.

Fale connosco

Autores

 

Pin It on Pinterest

Share This