
Maria da Conceição Moita, Xexão. Foto: Direitos reservados
Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
(Eugénio de Andrade,
O Outro Nome da Terra)
O sorriso da Xexão já não está entre nós – e o nosso mundo ficou mais desamparado.
O Eugénio de Andrade que me desculpe, mas o último verso está errado: o que apetecia mesmo era viver naquele sorriso. Esse sorriso acolhedor e tranquilo, inteligente e sábio, que abria a porta e nos fazia sentir em casa.
Procurei sinais da Xexão no seu mural de Facebook. O seu último post era uma partilha de imagens do herbário de Lourdes Castro: a beleza da vida desenhada pelo jogo da luz e da sombra.
Era um sorriso com muita luz lá dentro, e convidava-nos a transformar as nossas sombras em beleza.
A Deus, Maria da Conceição Moita. Obrigada por todos os sorrisos.

Helena Araújo é autora do blogue Dois Dedos de Conversa, de onde este texto é reproduzido.