
“Uma banda de música. O maestro e nove músicos. Prevalecem os que tocam instrumentos de sopro.” Foto © Eduardo Jorge Madureira
Uma mulher a varrer com uma vassoura.
Um rapaz a lançar um pião.
Um pastor envergando um capote de palha. Um cão de pêlo branco.
Vários animais domésticos: galinhas, coelhos, ovelhas. Dois burros. Castanho, um; cinzento, o outro.
Um padeiro a amassar pão junto ao forno.
Uma mulher que leva uma cesta sobre a cabeça. Dentro, vislumbram-se coelhos.
Um homem transportando um bacalhau.
Uma mulher ajoelhada a lavar. Tem ao lado uma cesta com roupa branca.
Um rapaz conduzindo um arco com uma gancheta.
Uma banda de música. O maestro e nove músicos. Prevalecem os que tocam instrumentos de sopro. Os percussionistas também se encontram adequadamente representados.
Uma mulher com uma cesta de maçãs sobre a cabeça.
Um homem a encaminhar um porco.
Um rapaz sentado a içar um peixe acabado de pescar.
Uma mulher transportando sobre a cabeça algo embrulhado num lençol. A trouxa volumosa é, com certeza, de roupa.
Um rapaz a brincar, empurrando uma roda de madeira com um dispositivo algo rudimentar, mas engenhoso.
Um pastor com uma ovelha pequena ao colo. No lado direito, o cão; no esquerdo, duas ovelhas, encostadas uma à outra.
Uma mulher carregando sobre a cabeça uma bilha de barro deitada. Vazia, portanto.
Uma mulher sentada, a fiar.
Um homem com um pipo pequeno sobre o ombro esquerdo.
Um homem prestes a lançar um foguete. Na mão esquerda, o foguete. Na direita, o cigarro aceso.
Cinco tocadores populares: um de concertina, um de gaita-de-foles, um de guitarra e dois de tambores (diferentes).
Uma rapariga a dançar. Pode muito bem ser o vira.
Um homem a empurrar um carro de mão com dois enormes sacos de farinha. A tarefa parece requerer esforço.
Uma mulher de pé com as mãos dentro de uma masseira de pão.
Um homem com uma cesta de fruta.
Um pastor com uma ovelha aos ombros.
Outro pastor levando, também aos ombros, uma ovelha muito maior.
Um padre. Ou melhor: um abade.
Um sapateiro que prega uma sola.
Uma mulher, possivelmente vendedora, com uma bilha de barro ao lado.
Um homem esfrega a pele do porco morto para que fique devidamente limpa.
Um oleiro que molda uma malga.
Uma mulher com duas cestas. Uma, com quatro galinhas, leva-a sobre a cabeça; o que leva na outra, pendurado no braço, não se vê.
Um homem a rachar lenha com um machado.
Há outros, mas é difícil dizer quem são e o que fazem sem risco de errar.
Muitos, a generalidade, chegaram oriundos do Minho do passado.
Quase todos se apresentam voltados para o sítio onde estão Maria e José, que têm, mais por perto, a companhia de um burro e de uma vaca.
Nenhum se chama Vladimir ou Estragon.
Todos esperam.
Ao centro, a manjedoura em que, em breve, será colocado o recém-nascido.
É tempo agora de preparar a sua chegada, esse imenso acontecimento, afinal de todas as horas.

(Todas as figuras deste presépio foram compradas na Loja das Louceiras, na Rua do Alferes Alfredo Ferreira, uma das raras Lojas de facto com História que sobrevivem intactas em Braga. A Senhora D. Manuela Oliveira tem sabido preservar adequadamente a instrutiva identidade deste estabelecimento comercial com mais de cem anos).