
Teresa Granado fundou a Comunidade S. Francisco de Assis, que se assumiu como “a derradeira esperança para muitas crianças e adolescentes que perderam ou nunca tiveram família”. Foto © Miguel Cotrim.
“Só há que ter medo de não fazer o outro feliz” e “cada um de nós pode fazer muito mais por quem precisa”. Duas frases de Teresa Granado que resumem e explicam uma vida dedicada aos pobres, aos reclusos, aos mais frágeis e necessitados, e sobretudo às crianças e adolescentes vítimas de maus tratos e abandonados. Madre Teresa, como era conhecida, fundadora da Comunidade Juvenil S. Francisco de Assis, em Coimbra, faleceu esta segunda-feira, 30 de agosto, aos 92 anos, na sequência de um AVC.
Nascida na Covilhã, Maria Teresa Granado pertencia a uma família abastada: o pai era médico (Bissaya Barreto chegou a ser cirurgião na Casa de Saúde de que era proprietário) e a mãe, licenciada no conservatório em piano e harpa, era dona de casa, recorda o jornal Diário das Beiras.
Tirou o curso de Assistente Social em Coimbra e, com 22 anos, partiu como missionária para França, Itália, e Macau, onde trabalhou com os refugiados chineses e os reclusos. Regressou a Portugal para dirigir o antigo Instituto Superior de Serviço Social de Coimbra (hoje Instituto Superior Miguel Torga) e foi nessa altura que decidiu abandonar a vida consagrada, alegando que as regras eram demasiado rígidas e não lhe permitiam fazer o que era preciso ser feito.
Em 1968, fundou a Comunidade S. Francisco de Assis, que, nas palavras do ex-bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho e Pinto, se assumiu como “a derradeira esperança para muitas crianças e adolescentes que perderam ou nunca tiveram família e se sentiram à beira da entrada no mundo da delinquência”.
As cerimónias fúnebres terão início esta quarta-feira, dia 1 de setembro, pelas 10h30, seguidas de romagem ao cemitério da Conchada (Coimbra), onde será sepultada.