[Segunda leitura]

A votar, a votar!

| 19 Set 2021

“Até por isso, merecem pelo menos que nós, os que não somos candidatos a coisa nenhuma, vamos lá no dia 26 e votemos, como é nosso direito. Como é nosso dever.”

 

“Começa hoje a campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 26 de setembro”. Juro que ouvi isto na passada terça-feira, dia 14 de setembro. Assim mesmo, sem tirar nem pôr, na abertura de um noticiário na rádio: “Começa hoje a campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 26 de setembro”. Juro.

Afinal, o que é que temos andado a ver e ouvir por todo o país, desde há uns dois ou três meses? Para que são todos aqueles cartazes com milhares de candidatos a câmaras e a freguesias, espalhados de norte a sul, com uma série de promessas eleitorais e auto-promoções? Serão, digamos, atividades de “pré-campanha”?… E os debates que há algumas semanas se vão multiplicando por rádios e televisões? E as arruadas por aqui, por ali e por além? E os comícios, e as sessões públicas, e os jantares partidários a mobilizar as hostes para o combate autárquico? Nada disso é ainda campanha eleitoral? Ou, se é, a que propósito é que dizemos que a campanha começou na terça-feira, dia 14? É só a fazer de conta, não é?

(Ou será que quem está atualmente à frente de uma câmara pode ter passado as últimas semanas a propagandear tudo aquilo que fez e a prometer tudo aquilo que quer fazer, e pode tê-lo feito sem problemas legais porque “ainda não é tempo de campanha eleitoral”? E só entre os dias 14 e 24 é que esse pessoal tem algum dever de reserva e de não utilização dos meios públicos para ações de promoção e propaganda, como inaugurações e afins? Será isso?…)

Talvez a lei esteja meio desatualizada. Ou talvez ninguém lhe ligue ou a faça cumprir. O candidato Carlos Moedas explicou isto com toda a franqueza e toda a clareza, há dias, no final de um debate televisivo: “Esta campanha é todos os dias… Eu comecei-a há seis meses e meio!”  Já tínhamos notado. E não é só ele, claro. São todos (quer dizer, os mais proeminentes, os que têm tempo para isso…).

O certo é que continuamos nestas lides a fazer as coisas como há anos, embora seja evidente que tantas coisas mudaram. Por exemplo a história do dia de reflexão, na véspera do dia das eleições. Nesse dia, nenhum jornal, rádio ou televisão pode dar informações ou opiniões que de algum modo signifiquem promoção eleitoral. Mas hoje em dia os fluxos informativos passam muito mais por outros lados, que não as televisões, as rádios ou os jornais. Passam pelo WhatsApp, pelo Twitter, pelo Facebook, pelo Youtube, pelo Instagram… Mas aí não chega (e poderia ou deveria, de algum modo?… e como?…) o braço da lei que proíbe que alguém perturbe a “reflexão” dos eleitores, essa gente tão volúvel e tão facilmente influenciável que é obrigada a estar em rigoroso silêncio no sábado para votar em total liberdade no domingo… Será?…

Seja como for, a campanha eleitoral está aí. Pelo menos dá direito a uma série de tempos de antena nas rádios de âmbito local, em igualdade de condições para todas as candidaturas, o que estas — sobretudo as menos cobertas pelos meios de comunicação – certamente agradecem. (E quem agradece também são as próprias rádios de âmbito local, pois vão receber 12,35 euros por cada minuto usado em tempos de antena, o que significa, para o Estado, um gasto global de 1,5 milhões de euros). Há muita candidatura fraquinha por esse país fora, como não espanta no meio de tanta lista, mas há muito mérito por aí espalhado, a começar no facto de estarem envolvidos nesta eleição uns largos milhares de cidadãos, dispostos a dar algo de si pela causa pública (e sem remuneração, na maior parte dos casos). O poder local é, de facto, uma das grandes (e tocantes) conquistas de Abril e da democracia, uma democracia de proximidade e de pessoas com nome próprio. Os números globais impressionam: de acordo com a Comissão Nacional de Eleições (CNE), foram apresentadas 12.370 listas (a grande maioria ligada aos mais de 20 partidos políticos que concorrem, mas também umas apreciáveis 1.035 da responsabilidade de simples grupos de cidadãos). Tudo somado, é mesmo muita gente de algum modo empenhada nestas eleições autárquicas. Até por isso, merecem pelo menos que nós, os que não somos candidatos a coisa nenhuma, vamos lá no dia 26 e votemos, como é nosso direito. Como é nosso dever. E com isso ajudarmos a fazer um dia (ainda mais) bonito.

 

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