
Foto: Grupo La “Voz del Desierto (LVD)”, retirada do Facebook do grupo.
A juventude e o Papa não são os únicos protagonistas da Jornada Mundial da Juventude em que a imprensa repara. O diário espanhol ABC dedicou uma página integral a músicos que animaram o arranque da iniciativa. Os três “padres rockeiros” que, com quatro leigos, integram La Voz del Desierto, um grupo de música da diocese de Alcalá de Henares, merecem um destaque especial.
O jornalista José Ramón Navarro-Pareja escreve que foram os principais animadores de um concerto que, no arranque da JMJ, juntou 40.000 jovens espanhóis no Estoril. A acompanhar o artigo, uma fotografia da Agência EFE mostra o padre Alberto Raposo, o guitarrista, a actuar. Poderia ser mais um megaconcerto de Verão, observa o jornalista, se não fosse o cantor complementar um “Boa noite Estoril!” com um “Viva Cristo!”, “enquanto, num diálogo de solos entre o órgão e a guitarra, executam as primeiras notas da Tocata e Fuga em ré menor de Bach”.

O jornal fala de diversos músicos espanhóis de distintos géneros, mas é A Voz do Deserto que detalhadamente exemplifica o que se considera ser a mudança da “melíflua tradicional música católica” para outros estilos. Quando criaram o grupo, os componentes de A Voz do Deserto pretendiam compor o mesmo tipo de canções que escutavam, mas com uma mensagem totalmente cristã, diz o vocalista, contando ainda que os modelos eram variados, mas pouco convencionais em relação ao que se ouve nas igrejas. Exemplos: Hombres G, Revólver, Queen, AC/DC e Metallica.
O baixista, e pároco em Mejorada del Campo, diz que “há dentro da Igreja gente que considera que um sacerdote não deveria estar num palco tocando este género de música, como se tudo tivesse que ser gregoriano”. Em todo o caso, não fazem música “para a liturgia, mas para outro ambiente, para escutar em casa, no carro ou num concerto”.
A actuação do Estoril foi a primeira das cinco que A Voz do Deserto programou para esta JMJ. Trata-se, como escreve Navarro-Pareja, de uma mini-tournée do grupo cuja agenda de actuações depende da disponibilidade dos três párocos. São eles os mais ocupados de A Voz do Deserto, um grupo que sonha com um Grammy para o melhor álbum de música cristã a figurar numa vitrina da paróquia da diocese de Alcalá de Henares.
A propósito, o ABC informa que pouco antes do concerto, numa conferência de imprensa, o cardeal Juan José Omella, arcebispo de Barcelona, tinha dito que os jovens que participam na JMJ não são “extraterrestres”, nem “bichos raros”.