
“A recusa [dos bispos] em propor a votação para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo provavelmente enfurecerá os ativistas que desejam mudanças dentro da Igreja.” Foto © Ian Taylor | Unsplash.
O clero anglicano poderá presidir a serviços de oração e de ação de graças para acolher a relação de casais do mesmo sexo, ou a de pessoas do mesmo sexo civilmente casadas, mas não será autorizado a casá-las. Esta é a síntese da recomendação acordada no dia 17 de janeiro na reunião do Colégio e Câmara dos Bispos, reunidos em Londres, que vai ser submetida ao Sínodo Geral da Igreja de Inglaterra (Anglicana), o qual se realiza entre 6 e 9 de fevereiro.
De acordo com a BBC, “a recusa [dos bispos] em propor a votação para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo provavelmente enfurecerá os ativistas que desejam mudanças dentro da Igreja. Alguns já disseram que pedirão ao Sínodo que recuse a proposta dos bispos” e vote no sentido de mudar a lei canónica para permitir que o clero presida à celebração do casamento de casais do mesmo sexo.
A Igreja Anglicana abriu, em 2017, um período prolongado de consulta intitulado “Viver em Amor e Fé”, a propósito do seu ensinamento sobre o matrimónio, a sexualidade e a forma de acolher as uniões homossexuais. Na semana passada, foram tornadas públicas várias tomadas de posição de bispos favoráveis à mudança do ensinamento tradicional, na linha do que defendeu o bispo de Oxford. Mas, de acordo com fonte citada pela BBC, “o ensinamento da Igreja de que o Sagrado Matrimónio se realiza apenas entre um homem e uma mulher não mudará e não será sequer submetido a votação [durante o próximo Sínodo Geral]”.
O Sínodo Geral é uma estrutura complexa com três assembleias (leigos, padres e bispos) exigindo diferentes maiorias para a aprovação de documentos, conforme a sua apreciação é feita por cada uma das assembleias, ou na reunião de todas elas. De acordo com o Church Times de dia 18 de janeiro, “se houver uma votação da recomendação de abençoar as uniões homossexuais na Igreja pelas assembleias – clero, leigos e bispos – isso exigiria apenas uma maioria simples em cada uma”. O resultado do processo de discernimento iniciado há cinco anos só será conhecido no dia 9 de fevereiro no termo do Sínodo Geral. Mas, para já, os bispos reunidos na terça-feira redigiram uma carta endereçada à comunidade LGBT em que pedem perdão as estas pessoas pela “rejeição, exclusão e hostilidade” que elas enfrentaram nas igrejas e pelas repercussões que isso teve nas suas vidas.
O debate sobre estas matérias não tem ficado circunscrito ao interior da Igreja de Inglaterra, tendo vários anglicanos, incluindo deputados eleitos por ambos os principais partidos, endereçado cartas abertas aos seus bispos diocesanos de apoio à celebração de casamentos gay na Igreja.