O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, José Ornelas, falou esta sexta-feira, 10, aos jornalistas sobre o acesso aos arquivos nos casos de abuso de menores na Igreja, sublinhando que estes não devem servir “para guardar problemas” mas para encontrar “luz e formas de minorar e solucionar”.
“Não é para colocar tudo em praça pública porque isto não é modo de fazer justiça, porque vamos criar outras injustiças, para defender as vítimas ou hipotéticos perturbadores. O que queremos é que se faça justiça, esclareça e fazer luz sobre isto, não queremos arquivos para guardar problemas mas encontrar neles luz e forma para minorar ou solucionar”, afirmou o bispo após ter celebrado missa no Santuário de Fátima, no âmbito da da peregrinação nacional de crianças
Nas suas declarações, José Ornelas indicou que receberam do Vaticano uma “explicação dos parâmetros” em que se move toda a situação em relação aos “arquivos eclesiásticos para que haja a defesa da dignidade das pessoas”.
“Recebemos uma explicação, não foi uma permissão recebida, mas procuramos juntos uma solução, feita pela nossa comissão, gente competente, profissional e eticamente, e que tem claros os objetivos que pretendemos”, referiu.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa destacou que tem de ser dada atenção à defesa dos direitos de cada pessoa, seja “segredo de justiça, regulação de dados e proteção de dados individuais”, para que se combinem a “lei portuguesa com as prescrições do direito canónico”.
Além de reforçar a “confiança” na Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja em Portugal, o bispo considerou “importante” fazer estas declarações no contexto da peregrinação nacional de crianças ao Santuário de Fátima, sublinhando que os abusos são “a perversão total, a inversão do que aqui se diz, da ternura de Maria para com os pastorinhos, ternura das crianças que vêm e que encontram aqui espaço de um sonho”.