
Clínica móvel da MSF no centro de acolhimento a migrantes da ilha de Samos, Grécia. Foto MSF/Evgenia Chorou.
O número de migrantes a chegar às ilhas gregas de Lesbos e Samos aumentou nos meses de verão e o sistema de acolhimento naqueles locais é “cada vez mais disfuncional”, com “lacunas muito significativas” em particular no acesso destes requerentes de asilo aos cuidados de saúde essenciais, denunciou a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) esta segunda-feira, 5 de setembro.
A organização registou um aumento acentuado nas visitas às suas clínicas naquelas ilhas em 2023, com “um acréscimo claro desde abril”. Em Lesbos, só em julho, as equipas da MSF deram “resposta a pedidos de emergência médica e assistiram 1.031 pessoas recém-chegadas, das quais 26 por cento eram crianças”.
“Devido ao elevado número de chegadas à ilha, especialmente durante os meses de verão, a população atual em Mavrovouni CCAC [campo de receção de requerentes de asilo em Lesbos] atingiu quase 3.000 pessoas, excedendo a capacidade do campo”, alertou a MSF numa nota à imprensa.
Para além das condições de sobrelotação, a população atual do campo enfrenta um atraso no processo de registo e quase 1.000 pessoas não conseguiram ser registadas, realçou ainda a organização.
Nihal Osman, coordenador do projeto de MSF em Lesbos, frisou que “os pacientes chegam à clínica da MSF para cuidados de saúde primários, problemas crónicos e doenças infecciosas”, denunciando que “casos como hepatite e VIH não são acompanhados adequadamente e não são encaminhados para serviços relevantes para acesso ao tratamento”.
Perante este cenário, a organização decidiu “cobrir temporariamente as necessidades dos pacientes, ampliando os serviços médicos prestados na clínica de MSF, adicionando um Centro de Cuidados de Saúde Primários para os meses de agosto e setembro”.