Adiamento da JMJ em Lisboa para 2023 foi tema de conversa entre patriarca e primeiro-ministro
No Panamá, o anúncio da JMJ de Lisboa para 2022 foi assim, em Janeiro de 2019. Agora, a festa terá de esperar por 2023. Foto © Ecclesia
Agosto de 2023 é a nova data para a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, de acordo com a decisão do Papa anunciada hoje pela Sala de Imprensa do Vaticano. O adiamento resulta da pandemia de covid-19 e o tema esteve também na agenda da conversa entre o patriarca e o primeiro-ministro António Costa na manhã desta segunda-feira, horas antes de o Vaticano ter anunciado o adiamento – soube o 7MARGENS junto de uma fonte eclesiástica.
Foi o cardeal Kevin Farrell, responsável do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, que ligou a D. Manuel Clemente, quinta-feira passada, 16 de Abril, conforme o próprio disse à Renascença, a comunicar-lhe a decisão do Papa. Imediatamente, do patriarcado e da organização da JMJ, a informação foi comunicada à Presidência da República, Governo e câmaras de Lisboa e de Loures.
“Houve uma total compreensão de todos e a reafirmação do empenho no apoio” à realização da JMJ, diz ao 7MARGENS o bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, presidente do Comité Organizador Local (COL) da JMJ.
O mesmo responsável reage com naturalidade ao anúncio da decisão: “Acima de tudo, estamos em total sintonia” com o Papa, afirma, porque “todos os esforços terão de ser, para já, para vencer a pandemia e ajudar os desfavorecidos” e os que ficarem em situações difíceis.
Américo Aguiar acrescenta que, caindo a jornada no Verão, muitos jovens quererão fazer um mealheiro. O adiamento permite mais tempo para isso e, sobretudo, não dispersar dinheiro quando ele estaria a ser preciso para outras prioridades, sublinha.
“Este ano suplementar será propício para que estejamos mais abertos, já com a pandemia vencida e para que possamos estar uns com os outros de modo a podermos abraçar-nos uns aos outros. E, em 2023, o Papa também vai querer dar um abraço, literalmente, à juventude do mundo inteiro”, diz o responsável do COL, que define esta etapa de preparação da JMJ como de “hibernação”, em declarações à agência Ecclesia.
Foi, aliás, nesta perspectiva, que a organização ofereceu na semana passada, à Cáritas de Lisboa, 35 computadores portáteis para serem entregues a jovens que deles necessitem.
“Por causa da actual situação sanitária”
Na declaração feita ao início da tarde desta segunda-feira, em Roma, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, explicou que “por causa da actual situação sanitária e das suas consequências” em termos das deslocações e aglomeração de pessoas, o Papa decidiu adiar por um ano o Encontro Mundial de Famílias (que decorreria em Roma em Junho de 2021 e passa para o ano seguinte) e a JMJ em Lisboa.
No comunicado em que o COL reage à iniciativa, lê-se que “as actuais circunstâncias de saúde pública, as consequências económicas que daí advêm e, sobretudo, a necessidade de concentrar esforços e recursos no apoio aos mais fragilizados levaram” o Papa a tomar a decisão, aceite “com naturalidade e confiança”.
No presente contexto, diz o texto, o foco da atenção deve estar “no cuidado dos mais vulneráveis, das famílias e de todos os que, pelos mais diversos motivos, sofrem com os efeitos da pandemia causada pela covid-19”.
A realização de uma JMJ em Lisboa tinha sido aventada já em 2011, quando o acontecimento decorreu em Madrid (Espanha), ainda com o Papa Bento XVI. A 1 de Dezembro de 2018, a escolha de Lisboa foi antecipada no Religionline, plataforma noticiosa que antecedeu o 7MARGENS, e que deu a informação, a par com a SIC.
Finalmente, em Janeiro do ano passado, foi o cardeal Kevin Farrell (e não o Papa, como habitualmente) a confirmar o que já se sabia. A escutar o anúncio, estava não só o patriarca de Lisboa e mais cinco bispos, como também uma delegação chefiada pelo Presidente da República e que incluía o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
A JMJ começou em 1986, em Roma, e já teve edições em Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).
Entre cada cidade circula uma cruz das jornadas, oferecida aos jovens pelo Papa João Paulo II e cuja entrega a uma delegação de Lisboa estava prevista para 5 de Abril. Por causa da pandemia, essa cerimónia foi adiada para 22 de Novembro.
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