Filhos do suspeito mantêm rotinas

PJ afasta cenário de extremismo religioso em ataque no Centro Ismaili

| 29 Mar 2023

Centro Ismaili de Lisboa, foto c the.ismaili

Centro Ismaili de Lisboa, onde ocorreu o ataque desta terça-feira. O diretor da Polícia Judiciária deixou uma mensagem de solidariedade com a Comunidade Ismaili e apelou a que não se façam generalizações. Foto © the.ismaili.

 

A Polícia Judiciária (PJ) afastou a hipótese de o ataque ocorrido esta terça-feira, 28, no Centro Ismaili, em Lisboa, ter tido motivações religiosas. De acordo com o diretor da PJ, Luís Neves, o autor do ataque que vitimou duas colaboradoras do centro terá sofrido um surto psicótico.

“Não há um mínimo indício, um único sinal de matriz religiosa”, sublinhou o responsável da PJ, citado pelo jornal Expresso, sublinhando que o suspeito, Abdul Bashir, tem uma vida “ocidentalizada”, com os três filhos menores integrados na sociedade portuguesa.

A Polícia Judiciária reconstituiu a vida do agressor, desde a fuga do Afeganistão, a passagem pelo campo de refugiados em Lesbos (Grécia), onde a sua esposa faleceu na sequência de um incêndio, até à chegada a Portugal, em 2021. Será, em breve, realizada uma perícia psiquiátrica.

Já os três filhos do suspeito foram acolhidos provisoriamente numa instituição, depois de acompanhados por pessoas da Comunidade Ismaili que os conhecem, bem como por equipas de psicólogos e da Segurança Social. Para já, mantêm as rotinas escolares e o contacto com essas pessoas.A Comunidade, de acordo com o Centro Ismaili citado pelo DN, ofereceu-se para os acolher em famílias.

Na sua declaração, o responsável da Polícia Judiciária deixou ainda uma mensagem de solidariedade em relação à Comunidade Ismaili e apelou a que não se façam generalizações, até porque o ato cometido é de “natureza comum”.

No mesmo sentido, o Observatório para a Liberdade Religiosa (OLR), sediado na Universidade Lusófona, divulgou um comunicado onde sublinha que a interpretação do sucedido “não pode levar à criação de uma instabilidade e de um retrocesso no franco convívio religioso”.

“A Comunidade Ismaelita, constituída em grande parte por cidadãos portugueses de origem moçambicana e indiana, perfeitamente integrados na sociedade portuguesa, sempre foi das comunidades mais empenhadas no diálogo, seja com outras confissões religiosas, seja com o Estado”, recorda o texto do Observatório, concluindo que “a violência extrema” deste ataque “não pode ser entendida como mais que um acontecimento isolado”.

Assim, “todos os atores, políticos, de segurança, académicos e, naturalmente, religiosos, devem em conjunto prosseguir no trabalho de diálogo e respeito até aqui trilhado, um dos patrimónios mais importantes que temos”, recomenda o OLR.

A Comunidade Islâmica de Lisboa juntou a sua voz às da Igreja Católica e da Aliança Evangélica Portuguesa, manifestando, em comunicado divulgado nas suas redes sociais, “total solidariedade para com toda a comunidade” que está em sofrimento. “Neste mês sagrado de Ramadão, pedimos a Deus para que ajude a ultrapassar estes momentos de dor”, pode ler-se no texto.

Também a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) manifestou esta quarta-feira a sua “consternação” pelo ataque, e “solidariedade para com os familiares e amigos das vítimas, assim como para com a própria comunidade religiosa”.

Catarina Martins de Bettencourt, diretora do secretariado nacional da Fundação AIS, sublinha que em Portugal “não se têm registado casos significativos de violência nem de discriminação por motivos religiosos”, e que, independentemente das motivações que estiveram na origem deste ato criminoso, “os lugares de culto e das respectivas comunidades devem ser sempre respeitados e preservados como espaços sagrados, sendo que nada justifica o recurso à violência”.

 

Os silêncios de Pio XII foram uma escolha – e que custos teve essa opção?

“A Lista do Padre Carreira” debate

Os silêncios de Pio XII foram uma escolha – e que custos teve essa opção? novidade

Os silêncios do Papa Pio XII durante aa Segunda Guerra Mundial “foram uma escolha”. E não apenas no que se refere ao extermínio dos judeus: “Ele também não teve discursos críticos sobre a Polónia”, um “país católico que estava a ser dividido pelos alemães, exactamente por estar convencido de que uma tomada de posição pública teria aniquilado a Santa Sé”. A afirmação é do historiador Andrea Riccardi, e surge no contexto da reportagem A Lista do Padre Carreira, que será exibida nesta quarta-feira, 31 de Maio, na TVI, numa parceria entre a estação televisiva e o 7MARGENS.

Apoie o 7MARGENS e desconte o seu donativo no IRS ou no IRC

Breves

 

JMJ realizou em 2022 metade das receitas que tinha orçamentado

A Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 obteve no ano passado rendimentos de 4,798 milhões de euros (menos de metade do previsto no seu orçamento) e gastos de 1,083 milhões, do que resultaram 3,714 milhões (que comparam com os 7,758 milhões de resultados orçamentados). A Fundação dispunha, assim, a 31 de dezembro de 2022, de 4,391 milhões de euros de resultados acumulados em três anos de existência.

Debate em Lisboa

Uma conversa JMJ “conectada à vida”

Com o objectivo de “incentivar a reflexão da juventude” sobre “várias problemáticas da actualidade, o Luiza Andaluz Centro de Conhecimento (LA-CC), de Lisboa, promove a terceira sessão das Conversas JMJ, intitulada “Apressadamente conectadas à vida”.

“É o fim da prisão perpétua para os inimputáveis”, e da greve de fome para Ezequiel

Revisão da lei aprovada

“É o fim da prisão perpétua para os inimputáveis”, e da greve de fome para Ezequiel novidade

Há uma nova luz ao fundo da prisão para Ezequiel Ribeiro – que esteve durante 21 dias em greve de fome como protesto pelos seus já 37 anos de detenção – e também para os restantes 203 inimputáveis que, tal como ele, têm visto ser-lhes prolongado o internamento em estabelecimentos prisionais mesmo depois de terminado o cumprimento das penas a que haviam sido condenados. A revisão da lei da saúde mental, aprovada na passada sexta-feira, 26 de maio, põe fim ao que, na prática, resultava em situações de prisão perpétua.

Especialistas mundiais reunidos em Lisboa para debater “violência em nome de Deus”

30 e 31 de maio

Especialistas mundiais reunidos em Lisboa para debater “violência em nome de Deus” novidade

A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) acolhe esta terça e quarta-feira, 30 e 31 de maio, o simpósio “Violence in the Name of God: From Apocalyptic Expectations to Violence” (em português, “Violência em Nome de Deus: Das Expectativas Apocalípticas à Violência”), no qual participam alguns dos maiores especialistas mundiais em literatura apocalíptica, história da religião e teologia para discutir a ligação entre as teorias do fim do mundo e a crescente violência alavancada por crenças religiosas.

Agenda

There are no upcoming events.

Fale connosco

Autores

 

Pin It on Pinterest

Share This