Missa encerra comemorações

Afinal, há mais 20 poemas inéditos de Frei Agostinho da Cruz

| 16 Jul 2021

Poesia, N'alma escrito, Agostinho da Cruz

Capa do livro “N’alma escrito”, de Frei Agostinho da Cruz

A publicação de vinte poemas inéditos atribuídos a frei Agostinho da Cruz marca o encerramento das comemorações dos 400 anos da morte e 480 do nascimento do poeta da Arrábida, que se assinala neste sábado, 17 de Julho, em Azeitão, com a celebração de uma missa presidida pelo bispo de Setúbal, D. José Ornelas, na Igreja de São Lourenço.

Depois de já ter organizado uma Antologia PoéticaRuy Ventura, que tem investigado a obra do frade franciscano, organizou agora a publicação destes vinte poemas, com o título N’Alma Escrito (ed. Officium Lectionis, pedidos de exemplares para o endereço officiumlectionis@gmail.com).

Os poemas inéditos (um deles já era conhecido parcialmente, explica o organizador na apresentação) provêm “todos do mesmo manuscrito, desconhecido até há pouco tempo”. E explica: “Trata-se de um conjunto íntegro de 166 folhas numeradas pela mesma mão, idêntica àquela que transcreveu todos os textos aí incluídos. O seu conteúdo foi inspeccionado pelo Santo Ofício, tendo merecido a aprovação do censor, o doutor Frei Adrião Pedro, frade trinitário: ‘Qualquer Livreiro pode enquadarnar estes quadernos. Lixboa no Convento da santissima Trindade em 26 de outubro de 682’.”

Entre estes poemas inéditos nem todos de podem atribuir inequivocamente a frei Agostinho, diz Ruy Ventura. Oito são-no claramente, mas sobre a restante dúzia – “não me repugna serem de Agostinho”, diz o organizador da edição – não se podem retirar conclusões inequívocas. “Considero, todavia, que é bem melhor serem publicados – e deixados ao critério dos futuros organizadores de uma edição crítica da obra do franciscano (que, sinceramente, dificilmente poderão organizar uma edição definitiva…) – do que permanecerem ocultos entre as páginas de um manuscrito do século XVII, de dificílimo acesso.”

Nascido em 3 de Maio de 1540 (dia da festa litúrgica de Santa Cruz), em Ponte da Barca, Agostinho Pimenta, de seu nome de baptismo, viria a morrer em 14 de Março de 1619, na enfermaria do convento da Anunciada, em Setúbal. Viveu em tempos de Inquisição quando as pessoas com uma visão demasiado livre “não eram muito bem vistas”. Por isso se pode olhar para ele como “poeta da liberdade”, que “obriga a pensar o que somos”, dizia Ruy Ventura ao 7MARGENS a propósito da Antologia Poética.

Frei Agostinho da Cruz,

Capa do catálogo Frei Agostinho da Cruz e a Espiritualidade Arrábida

A par do livro de inéditos, será também lançado o catálogo da exposição Frei Agostinho da Cruz e a Espiritualidade Arrábida, editado pela Fundação Oriente e organizado também por Ruy Ventura. Este volume recolhe, além da reprodução das peças incluídas na exposição que a Fundação teve patente no Museu Oriente, no ano passado, também vários estudos da autoria de José Tolentino Mendonça, Vítor Serrão, Sandra Costa Saldanha, Joana Belard da Fonseca, Rui Manuel Mesquita Mendes, João Luís Fontes, Conceição Ribeiro e João Reis Ribeiro.

A eucaristia de encerramento das comemorações, às 19h de sábado, 17, terá acesso restrito, em virtude das limitações sanitárias, mas pode ser acompanhada na página das paróquias de Azeitão no Facebook.

As comemorações foram iniciadas em 2019. Em virtude da pandemia, várias iniciativas foram suspensas ou adiadas e essa é a razão para que só agora sejam encerradas.

No poema Mote Antigo, um dos que são reunidos no novo livro, lê-se:

Meu Deos, falai-me hoje,
que a menhã vem longe.

O coração qu’ arde
não pode esperar.
Se me heis de falar,
não queirais que aguarde.
Falai-me esta tarde
deste dia d’ hoje,
que a menhã vem longe.

Não sofre demora
meu ardente fogo.
Não me faleis logo,
falai-me agora
dentro nesta hora
deste dia d’ hoje,
que a menhã vem longe.

Quereis que vos peça
o que dar quereis.
Não mo dilateis
por pedir depressa
antes que anouteça
este dia d’ hoje,
que a menhã vem longe.

Antes quero dado
que não prometido.
Mais é possuído,
que não esperado
tempo lemitado.
Que não passe d’ hoje,
inda muito longe.

 

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