
Papa Francisco reunido com os responsáveis da Conferência Episcopal dos EUA na biblioteca do Palácio Apostólico no Vaticano em 17 de abril. A partir da esquerda: Ir. Michael Fuller, secretário geral da USCCB; arcebispo William Lori, de Baltimore, vice-presidente; arcebispo Timothy Broglio, Arquidiocese dos Serviços Militares, presidente; e padre Paul Hartmann, secretário-geral adjunto. Foto © Vatican Media.
“Espantoso: A próxima assembleia dos bispos dos EUA não vai discutir o atual Sínodo do Papa Francisco”. Assim titulava recentemente o jornal National Catholic Reporter, a propósito do encontro da primavera do episcopado dos Estados Unidos da América que decorre na cidade de Orlando, na Florida, desta quarta-feira, 14, até sexta-feira, 16 de junho.
A assembleia plenária terá início com um tempo de oração e encontro informal entre os bispos, seguindo-se o discurso do núncio apostólico no país e o do presidente da Conferência. Estes discursos, tal como a abordagem dos pontos da agenda, serão transmitidos pela internet e cobertos nas redes sociais, como é prática. De resto, é também costume que os documentos que são objeto de apreciação ou votação pelos bispos sejam disponibilizados no site da assembleia.
Entre os temas conta-se uma reflexão sobre os modos de reavivar a frequência da missa dominical, a preparação do Congresso Eucarístico Nacional em 2024 e a participação na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa. Outros temas que a agenda especifica poderão ou não ser tratados ou mesmo votados no decorrer dos trabalhos.
Da agenda preliminar publicitada pelos serviços da Conferencia nada consta, por conseguinte, quanto a uma dinâmica que mobilizou as dioceses e o episcopado no seu todo, tanto na fase diocesana, como continental (realizada, neste caso, em conjunto com o Canadá).
Este facto foi já considerado “surpreendente” pelo teólogo italiano Massimo Faggioli, que leciona na Universidade Católica de Villanova. “Isso reflete um problema mais geral na Igreja Católica como um todo nos EUA, onde o interesse pelo Sínodo tem sido fraco ou, em alguns casos, tem encontrado resistências”, considera o teólogo.
O jornalista Brian Fraga, que assina o artigo no National Catholic Reporter recorda que, no documento que saiu da fase continental, os participantes da América do Norte entenderam que a Igreja Católica “precisa de ouvir melhor e incorporar as vozes marginalizadas dos jovens, dos pobres, da comunidade LGBTQI, dos sobreviventes de abusos sexuais do clero e das mulheres”. Defenderam ainda que fosse feito um exame sobre vários aspetos da vida eclesial, “incluindo papéis de decisão, liderança e ordenação”.