
Visita do Núncio Apostólico em Portugal, Ivo Scapolo, à sede da JMJ, em maio deste ano. A organização começa a pensar em locais alternativos para a realização dos eventos. Foto © JMJ Lisboa 2023.
A Câmara Municipal de Lisboa não assinou ainda o memorando de entendimento que preparou já no passado mês de abril, e onde definia a distribuição de trabalho, despesas e locais relativos às diversas iniciativas no programa da Jornada Mundial da Juventude, que irá realizar-se em Portugal de 1 a 6 de agosto. Com os prazos cada vez mais apertados, a organização confessa-se apreensiva e começa a pensar em locais alternativos para os eventos, de Vila Franca de Xira a Cascais, avança o jornal Expresso desta sexta-feira, 29 (notícia reservada a assinantes).
No draft do memorando de entendimento a que o Expresso teve acesso, a CML atribuía a si própria uma série de tarefas e encargos, entre eles questões práticas do evento principal, no Parque Tejo, nomeadamente iluminação, água, um “espaço para alimentação de VIP e bispos” ou a colocação de casas de banho e “torres multimédia (imagem e som), que permitam a todos os peregrinos acompanhar as cerimónias em qualquer lugar do recinto e nas
zonas circundantes”.
O Presidente da autarquia, Carlos Moedas, terá adiado as decisões para setembro, altura em que voltará a reunir o executivo, mas teme-se que não queira assinar o documento, até porque já havia enviado uma carta a António Costa e a Ana Catarina Mendes, a ministra que tem a pasta da JMJ, a exigir “ajuda” para, pelo menos, as “torres multimédia e a estrutura das casas de banho”.
De referir que o memorando de abril foi redigido e enviado pelo gabinete de Laurinda Alves, que no final da semana passada foi afastada da liderança da organização do evento. Também o remetente da missiva, o assessor Francisco Guimarães, contratado para se dedicar sobretudo à JMJ, está agora de saída do gabinete da vereadora.
Confrontado com a possibilidade de atrasos, Sá Fernandes, coordenador do grupo de projeto para a JMJ 2023 do Governo, diz-se seguro.
“Uma coisa garanto: tudo vai acontecer.” Admite que há “alguma apreensão”, porque “falta a CML dizer que faz tudo aquilo com que se comprometeu”. Ou assume as tarefas, “ou, se não assume, tem de o dizer, para arranjarmos uma solução”. Mas “há sempre soluções para tudo”, conclui.
Num comunicado enviado também esta sexta-feira às redações, a Câmara Municipal de Lisboa informa que “foi e está assumido o investimento total até 35 milhões de euros na exigente criação de condições para os diferentes eventos”, e apela ao Governo para que “os compromissos assumidos pelo Estado, direta e indiretamente, sejam, no mínimo paritários com o esforço feito pela autarquia de Lisboa”.
“A CML assumiu as suas responsabilidades. Continuamos à espera de resposta do Governo que, até ao momento, ainda não assumiu as suas”, pode ler-se no mesmo comunicado.