Américo Aguiar: um caminhante

| 31 Jul 2023

Fundação JMJ apresenta resultado líquido de 843 mil euros. Foto © Ricardo Perna

Foto: D Américo Aguiar, nomeado cardeal pelo Papa Francisco, responsável máximo em Portugal pela JMJ Lisboa. © Ricardo Perna

 

Há poucos anos ouvia de um padre responsável pela pastoral dos jovens de uma diocese de Portugal, quando questionado sobre a “ideologia de género” e os gays, que tal estava fora da Igreja. Fiquei com a noção de que na Igreja Católica portuguesa não tinha lugar uma larga faixa de jovens existentes em Portugal e no mundo. Foi triste, para mim, ouvir de um responsável, para mais também responsável pela organização da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa (JMJ), uma teoria colocando de parte rapazes e raparigas, homens e mulheres, em idade jovem, e fora de Jesus, todos e todas que de alguma maneira fariam parte dos excluídos da Igreja. No entanto tinha a noção e a certeza de que muitas tradições religiosas assim não pensavam. Tudo passaria apenas pela cabeça de um responsável, que afinal não era “responsável”, com estas suas atitudes excludentes de quem tinha o direito de pensar de outra forma e estar dentro da Igreja de Jesus que recusa a exclusão. Muitos pensarão como ele, mas outros afirmarão o contrário.

Américo Aguiar, nomeado cardeal pelo Papa Francisco, responsável máximo em Portugal pela JMJ Lisboa, assim não pensa, e ainda bem. Retirando a circunstância de ser um seu admirador pelo trabalho excelente, e que está a dar frutos, na Irmandade dos Clérigos do Porto, a que pertence a Torre dos Clérigos, não poderei estar mais de acordo com ele quando afirma que a JMJ não se realiza para “converter os jovens a Cristo ou à Igreja” e dado que “a Igreja nem sempre promoveu a diferença”, os jovens presentes na JMJ não vêm a Lisboa “sempre por motivos religiosos, mas uma diversidade” de motivos: desde piscarem o olho à namorada aos que vêm por razões turístico-culturais, razões religiosas, razões de absolutamente nada, porque vêm juntamente com outros” no sentido de que a JMJ “é uma escola de mútuo conhecimento uns dos outros”. Estão presentes “crentes e não crentes” porque é nesta diversidade que se encontra a riqueza, “não um obstáculo”. Fundamentalmente é necessário que os jovens sejam “sonhadores, lutadores e poetas” e encontrem nesta Jornada uma “cultura do encontro e cultura de ternura, que só os jovens são capazes”.

Américo Aguiar é um caminhante, que sabe bem o caminho que Jesus quer para o mundo de hoje, por isso imprimiu um caminho que nada tem que ver com o senhor padre que referi no início. Podem dizer que é uma mudança da Igreja, e é verdade: é uma leitura dos sinais de Jesus para os tempos que estamos a viver. Muitos, até a nível internacional, se levantaram contra as palavras acima descritas por Américo Aguiar. O que é natural! O novo nunca é aceite pelos que olham para o passado: veja-se Jesus e a sua passagem aqui na Terra. Inaugurou uma nova Era, com um olhar sobre o mundo diferente do do Antigo Testamento. Por isso foi morto, mas ressuscitou, e é este ressuscitado que nos impele a sermos subversivos, no sentido que estamos a lutar, “ser revolucionário”, como diz Américo Aguiar, por um mundo novo, por uma Igreja de partilha e missão.

Obrigado, bispo Américo Aguiar, pelo testemunho que dá das razões da nossa fé.

 

Joaquim Armindo é diácono católico da diocese do Porto, doutorado em Ecologia e Saúde Ambiental.

 

Bispos dos EUA instam Congresso a apoiar programa global de luta contra a sida

Financiamento (e vidas) em risco

Bispos dos EUA instam Congresso a apoiar programa global de luta contra a sida novidade

No momento em que se assinala o 35º Dia Mundial de Luta Contra a Sida (esta sexta-feira, 1 de dezembro), desentendimentos entre republicanos e democratas nos Estados Unidos da América ameaçam a manutenção do Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Sida (PEPFAR), que tem sido um dos principais financiadores do combate à propagação do VIH em países com poucos recursos. Alarmados, os bispos norte-americanos apelam aos legisladores que assegurem que este programa – que terá já salvo 25 milhões de vidas – pode continuar.

Para grandes males do Planeta, grandes remédios do Papa

Para grandes males do Planeta, grandes remédios do Papa novidade

Além das “indispensáveis decisões políticas”, o Papa propõe “uma mudança generalizada do estilo de vida irresponsável ligado ao modelo ocidental”, o que teria um impacto significativo a longo prazo. É preciso “mudar os hábitos pessoais, familiares e comunitários”. É necessário escapar a uma vida totalmente capturada pelo imaginário consumista.

Apoie o 7MARGENS e desconte o seu donativo no IRS ou no IRC

Breves

 

“Em cada oportunidade, estás tu”

Ajuda em Ação lança campanha para promover projetos de educação e emprego

“Em cada oportunidade, estás tu” é o mote da nova campanha de Natal da fundação Ajuda em Ação, que apela a que todos os portugueses ofereçam “de presente” uma oportunidade a quem, devido ao seu contexto de vulnerabilidade social, nunca a alcançou. Os donativos recebidos revertem para apoiar os programas de educação, empregabilidade jovem e empreendedorismo feminino da organização.

Não desviemos o olhar da “catástrofe humanitária épica” em Gaza

O apelo de Guterres

Não desviemos o olhar da “catástrofe humanitária épica” em Gaza novidade

A ajuda que as agências da ONU estão a dar aos palestinianos da Faixa de Gaza, perante aquilo que o secretário-geral considera uma “gigantesca catástrofe humanitária”, é manifestamente inadequada, porque insuficiente. A advertência chega de António Guterres, e foi proferida em plena reunião do Conselho de Segurança, que ocorreu esta quarta feira, 29, no tradicional Dia de Solidariedade com o Povo Palestiniano.

“Não deixeis que nada se perca da JMJ”, pediu o Papa aos portugueses

Em audiência no Vaticano

“Não deixeis que nada se perca da JMJ”, pediu o Papa aos portugueses novidade

O Papa não se cansa de agradecer pela Jornada Mundial da Juventude que decorreu em Lisboa no passado mês de agosto, e esta quinta-feira, 30, em que recebeu em audiência uma delegação de portugueses que estiveram envolvidos na sua organização, “obrigado” foi a palavra que mais repetiu. “Obrigado. Obrigado pelo que fizeram. Obrigado por toda esta estrutura que vocês ofereceram para que a Jornada da Juventude fosse o que foi”, afirmou. Mas também fez um apelo a todos: “não deixeis que nada se perca daquela JMJ que nasceu, cresceu, floriu e frutificou nas vossas mãos”.

O funeral da mãe do meu amigo

O funeral da mãe do meu amigo novidade

O que dizer a um amigo no enterro da sua mãe? Talvez opte por ignorar as palavras e me fique pelo abraço apertado. Ou talvez o abraço com palavras, sim, porque haveria de escolher um ou outro? Os dois. Não é possível que ainda não tenha sido descoberta a palavra certa para se dizer a um amigo no dia da morte da sua mãe. Qual será? Porque é que todas as palavras parecem estúpidas em dias de funeral? 

Agenda

Fale connosco

Autores

 

Pin It on Pinterest

Share This