
O Papa Francisco e o Papa Tawadros II, chefe da Igreja Copta Ortodoxa do Egito, juntos na audiência geral desta quarta-feira na Praça de São Pedro. Foto © Vatican Media.
Pela primeira vez, numa audiência geral, o responsável máximo da Igreja Católica não foi o único a discursar. Esta quarta-feira, 10 de maio, em que se assinala o Dia da Amizade Copto-católica, esteve ao lado do Papa Francisco, na plataforma montada ao centro da Praça de São Pedro, outro Papa: Tawadros II, chefe da Igreja Copta Ortodoxa do Egito.
O convite partiu de Francisco, que desafiou o seu “amigo e irmão” – como o definiria na sua alocução – a visitar o Vaticano. A primeira (e única) visita tinha acontecido há dez anos, após a eleição de ambos, e foi nessa altura que instituíram esta data celebrativa. Desde então, todos os anos assinalam o dia 10 de maio falando ao telefone um com o outro. Desta vez, como a data coincidia com o 50º aniversário da visita do Papa Shenouda III (então líder da Igreja Copta Ortodoxa) ao Papa Paulo VI, Francisco quis assinalá-la de modo especial.
Tawadros II, cuja Igreja representa cerca de 10% da população egípcia (quase 10 milhões de fiéis), foi o primeiro a tomar a palavra, começando por felicitar Francisco pelo décimo aniversário do seu pontificado. “Aprecio tudo o que você fez durante este tempo de serviço ao mundo inteiro em todas as áreas e rezo para que Cristo o mantenha com boa saúde e o abençoe com uma vida longa”, começou por dizer.

Depois, referindo-se à relação entre ambos, sublinhou: “escolhemos o amor, mesmo indo contracorrente em relação ao mundo ganancioso e egoísta; aceitamos o desafio do amor que Cristo nos pede”. E deixou ele próprio um pedido: “Caminhemos juntos no caminho da vida, tendo presente que ‘esta é a promessa que nos fez: a vida eterna’, acompanhando-nos e sustentando-nos com a oração segundo esta promessa. Não obstante as diferenças nas nossas raízes e pertenças, une-nos o amor de Cristo que habita em nós e a multidão dos nossos pais, apóstolos e santos cerca-nos e guia-nos”.
Francisco, que falou em seguida, agradeceu “de coração o seu compromisso na crescente amizade entre a Igreja Ortodoxa Copta e a Igreja Católica”, e pediu a todos os presentes que orem a Deus “para que abençoe a visita do Papa Tawadros a Roma e ampare toda a Igreja Copta Ortodoxa. Possa esta visita aproximar-nos mais rapidamente do dia abençoado em que seremos um só em Cristo!”, concluiu.
Seguiu-se a habitual catequese, dedicada esta quarta-feira à figura de São Francisco Xavier. Antes das despedidas, Francisco colocou, uma vez mais, no centro a “martirizada Ucrânia”. “Ao participar nas rações marianas de maio e rezando o rosário, recordai sbretudo as mulheres e as crianças afligidas pela guerra. À Virgem Maria, consoladora dos aflitos e Rainha da paz, encomendo a Ucrânia”.
O vídeo completo da audiência geral pode ser visto abaixo:
Um novo livro e mais um momento histórico
Para assinalar esta data, o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos acaba de publicar um livro comemorativo intitulado “A Igreja Católica e a Igreja Copta Ortodoxa. 50º Aniversário do Encontro entre o Papa Paulo VI e o Papa Shenouda III (1973-2023)”. A obra contém os principais documentos que testemunham a aproximação entre a Igreja Católica e a Igreja Copta Ortodoxa a partir do Concílio Vaticano II, precedidos por um prefácio comum do Papa Francisco e do Papa Tawadros II. Publicado pela Livraria Editora Vaticana, este é o terceiro volume da nova série “Ut Unum Sint” criada por aquele dicastério.
Esta quinta-feira, 11 de maio, os dois líderes religiosos voltarão a encontrar-se para um momento de oração, e Tawadros II irá depois visitar o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos. O patriarca copta terá ainda um encontro com os fiéis da comunidade copta residentes em Roma, com os quais celebrará uma liturgia eucarística no domingo, 14 de maio, na Basílica Papal de São João de Latrão, a qual constituirá também um momento histórico: será a primeira vez que um não-católico celebra na catedral do Papa.