
Amnistia entregou na residência oficial do primeiro-ministro um “obituário da liberdade de expressão em Angola”. Foto © Amnistia Internacional Portugal
Ao aterrar esta segunda-feira em Luanda, para uma visita oficial ao país, o primeiro-ministro português, António Costa, já conhece um “obituário da liberdade de expressão e de manifestação pacífica em Angola”, que foi entregue junto do chefe de governo na sexta-feira pela Amnistia Internacional (AI) Portugal.
De acordo com um comunicado da organização de defesa de direitos humanos, “este obituário reúne casos de jovens e ativistas angolanos, alguns dos quais ainda menores, que foram mortos pela brutalidade policial em Angola desde 2020, e que ocorreram com total impunidade permitida pelo governo angolano, com quem Costa se vai reunir”.
Na antecipação à visita oficial ao país nestes dois dias, 5 e 6 de junho, a AI insta o primeiro-ministro para que, no âmbito da sua visita, “possa inserir os direitos humanos na sua agenda de trabalho, com especial foco nas violações das autoridades angolanas à liberdade de expressão e de reunião pacífica, que já tiraram a vida a dezenas de pessoas”.

A Amnistia vai mais longe e adverte o primeiro-ministro para a possibilidade de o Presidente angolano, João Lourenço, ser convidado para as comemorações dos 50 anos do 25 de abril. “Perante esta realidade”, considera a AI, “a vinda de João Lourenço às comemorações dos 50 anos do 25 de abril, seria um insulto a todas as vítimas mortais da violência de Estado em Angola nos últimos anos”.
No referido comunicado, recorda-se ainda que está a decorrer uma petição pela libertação de Gilson da Silva Moreira (também conhecido como Tanaice Neutro), da qual já foram entregues cerca de 2200 assinaturas às autoridades angolanas.