
“No próximo mês de julho, haverá uma série de “conversas episcopais”, como preparação da grande Conferência de Lambeth”. Foto: Conferência de Lambeth © Ignacio Jose Sol / Wikimedia Commons
A Comunhão Anglicana adiou para o ano de 2022 a reunião mundial onde estarão presentes todos os arcebispos das suas províncias, assim como alguns bispos. A Conferência de Lambeth, como se chama, esteve marcada para 2020, mas foi protelada devido à pandemia. Antes da reunião, foi decidido organizar uma “Conversa dos Bispos” ou seja, os bispos vão conversar entre si, sobre o tema da conferência, “Igreja de Deus para o Mundo de Deus”, que, diga-se, é um excelente tema para que a conversa dos bispos se estendesse ao povo cristão anglicano, o que não parece ser o caso.
Assim, no próximo mês de julho, haverá uma série de “conversas episcopais”, como preparação da grande Conferência de Lambeth, que se realiza sempre de dez em dez anos; não sendo vinculativos os assuntos aprovados, todas as igrejas do anglicanismo devem ter em consideração as suas decisões.
A grande maioria das igrejas anglicanas de cada país estarão presentes nesta Conferência, mas a Global Anglican Future Conference, um pequeno grupo conhecido pelo seu conservadorismo, irá realizar uma conferência alternativa.
Embora as divergências sejam grandes, será possível que nestas conversas se venham a encontrar pontos de encontro?
As conversas episcopais, onde se podem inscrever só bispos anglicanos, estão a ser planeadas pelo Grupo de Trabalho da Conferência de Lambeth, presidido pela bispa Emma Ineson e a sua preparação teve lugar no mês de janeiro do corrente ano, com uma série de vídeos, principalmente do arcebispo Thabo Makgoba, primaz da África do Sul e presidente do Lambeth Conference Design Group.
A Comunhão Anglicana em Portugal está presente na Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica e em tudo o mundo possui cerca de 100 milhões de membros, sendo a terceira maior confissão religiosa cristã.
A grande questão que se levanta não é a “conversa entre bispos”, mas se esses bispos expressam os anseios do Povo de Deus, de tradição anglicana, a exemplo do Sínodo dos Bispos da tradição católica romana, que o querem fazer. Se antes não existiam estas “conversas episcopais”, o que, em minha opinião, constitui um avanço da Comunhão Anglicana, deveria trata-se, antes, de colocar os seus fiéis a conversar com os seus bispos diretamente, apontando aquilo que, segundo eles, os bispos devem refletir.
Poder-se-á afirmar que os seus representantes já têm lugar nos sínodos de cada diocese; é verdade, mas também o é que o povo tantas vezes não é ouvido, nas suas legítimas dúvidas, por que os bispos não têm certezas. O Espírito do Senhor amanhece sempre pelo povo que o adora, por mais santificados que sejam os bispos.
É uma opinião!
Joaquim Armindo é diácono católico da diocese do Porto, doutorado em Ecologia e Saúde Ambiental.