
Desenhos na casa Maria Skobtsova: está em causa sobretudo o acolhimento e protecção de mulheres e crianças. Foto © Catarina Sá Couto.
O funcionamento da casa Maria Skobtsova, de protecção e acolhimento a refugiados em Calais (norte de França) pode estar em risco pelo menos durante cerca duas semanas, se não aparecerem voluntários nos próximos dias. Na casa, estão sobretudo mulheres e crianças que desse modo não têm de estar ao relento, em condições físicas e de segurança dignas.
A casa é gerida pelo movimento informal O Trabalhador Católico, fundado por Dorothy Day nos Estados Unidos, mas assume um carácter ecuménico.
O alerta vem de Catarina Sá Couto, estagiária do Esquema de Experiência no Ministério Ordenado, da Igreja de Inglaterra (Comunhão Anglicana) e que está desde há meses a prestar serviço voluntário na casa Maria Skobtsova.
“Para que o acolhimento se possa fazer, a casa Maria Skobtsova está dependente de voluntários que recebam estas pessoas que procuram um lugar seguro para estar, que organizem o seu funcionamento com os residentes, façam compras etc”, explica a voluntária ao 7MARGENS. “Em resumo, voluntários que tomem conta da casa e deem resposta humanitária a esta necessidade. Sem voluntários a casa não pode estar activa e deixa de ser um ponto logístico de apoio em Calais”, acrescenta.
A casa “procura voluntários o ano todo, jovens, adultos ou mais velhos, pessoas sozinhas ou até casais, que possam dar o seu tempo para servir os seus residentes em Calais”, diz ainda Catarina Sá Couto. Estão em causa, diz, os próximos dias até final do mês, pelo menos. “Sem pessoas para dar hospitalidade, a casa terá de encerrar temporariamente e os seus residentes terão de voltar a viver em condições extremas e mais perigosas”, juntando-se aos cerca de 700 refugiados, dos mais diversos cantos do mundo, que estão a viver ao relento na chamada “selva de Calais”.
Catarina Sá Couto, que é também colaboradora do 7MARGENS, diz que se fala nas rotas mais comuns de refugiados para a Europa, através do deserto do Sara e do Mediterrâneo. Mas “há um grande silêncio nos media ou não se ouve falar tanto dos pontos de passagem e campos de refugiados não organizados dentro da Europa”.
Calais, a ponta de França mais próxima de Inglaterra, no Canal da Mancha, é um desses pontos, desconhecido de muita gente e tantas vezes negado por governantes. Ali vivem pessoas em condições extremas, apenas suavizadas pelo trabalho de Organizações Não Governamentais que asseguram roupa, comida, aconselhamento jurídico, protecção de mulheres e crianças e alojamento, para os casos possíveis.
“A palavra de ordem é hospitalidade e o que é necessário é um coração aberto aos outros e à diferença, e capacidade de resposta rápida à diversidade de situações que possam surgir”, diz a voluntária.
(Alguém eventualmente interessado pode escrever para mariaskobtsovahousecalais@gmail.com, com a referência “Portugal Voluntários MSH” no assunto.)