
O cenário habitual da peregrinação a Meca (aqui, em foto de arquivo) não se repetirá de novo neste ano. Foto © Creative Commons Attribution-Share Alike 4.0
Apenas 60 mil pessoas podem este ano realizar o hajj – aquela que é a maior e mais importante peregrinação a Meca feita, em tempos normais, por 2,5 milhões de muçulmanos idos de todo o mundo. De acordo com uma notícia da televisão Al-Jazeera deste sábado, 17 de julho, há grupos de peregrinos realizando as sete voltas rituais à Caaba na Grande Mesquita de Meca.
Todos os peregrinos têm de apresentar atestado de vacinação completa e a presença é permitida exclusivamente a sauditas maiores de 18 anos e menores de 65, escolhidos entre 558 mil candidatos.
Nesta segunda e terça-feira, 19 e 20 de Julho (9 e 10 do mês de Zil-Hajj, no calendário islâmico), assinalam-se os momentos mais importantes da peregrinação, com os peregrinos a deslocarem-se ao monte Arafat, ali permanecendo em oração e vigília, e recitando o Alcorão.
De acordo com a tradição, foi ali que o profeta Muhammad (Maomé) fez o seu sermão do adeus, no ano 10 do calendário da Hégira (ou 632 da era cristã).
Durante a peregrinação, depois de darem as sete voltas rituais à Caaba, os crentes dirigem-se a Mina, que se situa num vale estreito rodeado de montanhas rochosas, a cerca de cinco quilómetros da Grande Mesquita, e onde todos os anos acampam muitos peregrinos, recorda a mesma fonte.
No domingo, os peregrinos foram levados para Mina em autocarros meio cheios, para respeitar as regras de distanciamento físico.
“Para as áreas comuns do campo, como a área de oração e a cafetaria, designámos uma empresa de segurança cujos guardas estão espalhados por todo o campo para garantir que não há aglomeração”, afirmou o operador turístico Hadi Fouad à AFP, de acordo ainda com a Al Jazeera.
Neste dia 20, na descida do monte Arafat, os peregrinos recolhem seixos e executam o simbólico “apedrejamento do diabo”.
O hajj, uma das maiores manifestações religiosas anuais do mundo, é um dos cinco pilares do islão e deve ser realizado por todos os muçulmanos que tenham os meios para tal, pelo menos uma vez na sua vida.
Diz a Al Jazeera que, apesar de a versão deste ano ser francamente maior que a do não passado, as limitações à viagem estão a criar ressentimento entre os muçulmanos no estrangeiro.
“Agradeço a Deus por termos recebido aprovação para vir, embora não o esperássemos devido ao pequeno número de peregrinos”, disse Abdulaziz bin Mahmoud, um saudita de 18 anos.
Saddaf Ghafour, uma mulher paquistanesa de 40 anos de idade que viajava com o seu amigo, estava entre as mulheres que faziam a peregrinação sem um “guardião” masculino, o que era um requisito até há pouco tempo. “É um privilégio realizar hajj entre um número muito limitado de peregrinos”, disse ela.
Desde o início da pandemia, o reino saudita comunicou pelo menos 462.000 casos do vírus e 7.500 mortes.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o país administrou cerca de 15,4 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus. A Arábia Saudita tem mais de 30 milhões de pessoas.
As autoridades dizem que estão a trabalhar nos “níveis mais elevados de precauções sanitárias” à luz da pandemia e do aparecimento de novas variantes.
Os peregrinos estão a ser divididos em grupos de apenas 20 pessoas cada, “para restringir qualquer exposição apenas a esses 20, limitando a propagação da infecção”, disse o subsecretário do ministério do Hajj, Mohammad al-Bijawi.
Para além de rigorosas medidas de distanciamento, as autoridades introduziram um “cartão Hajj inteligente” para permitir o acesso sem contacto aos acampamentos, hotéis e autocarros para transportar os peregrinos em redor dos locais religiosos.