
Imagem disponibilizada pela Human Rights Watch de um vídeo publicado no TikTok em 4 de dezembro de 2022, que mostra um grupo de 47 migrantes, 37 dos quais parecem ser mulheres, caminhando por uma encosta íngreme dentro da Arábia Saudita, próximo de Al Thabit. © 2022 Private/HRW.
A organização internacional de defesa de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) acusou o regime saudita de matar “pelo menos” centenas de migrantes, que fogem à guerra do Iémen.
De acordo com um relatório divulgado esta segunda-feira, dia 21, a HRW apontou o dedo aos guardas fronteiriços sauditas, que dispararam contra centenas de migrantes etíopes e requerentes de asilo que tentaram cruzar a fronteira entre o Iémen e a Arábia Saudita, entre março de 2022 e junho de 2023.
No entendimento da organização, segundo o comunicado difundido, estes assassinatos — que parecem continuar — “podem constituir crimes contra a humanidade, se tiverem sido cometidos como parte de uma política do governo saudita para assassinar migrantes”.
No relatório de 73 páginas, com o título “‘Eles atiraram em nós como chuva’: assassinatos em massa de migrantes etíopes na fronteira iemenita-saudita”, é descrito que os guardas de fronteira sauditas usaram armas explosivas “para matar muitos migrantes e dispararam de perto noutros migrantes, incluindo muitas mulheres e crianças, num padrão generalizado e sistemático de ataques”.
Segundo a HRW, que divulgou um vídeo com imagens de violência explícita (incluindo mortes), nalguns casos, “os guardas fronteiriços sauditas perguntaram aos migrantes em que membro podiam disparar e, em seguida, atiraram à queima-roupa”. Estes guardas também dispararam armas explosivas contra migrantes que tentavam fugir de regresso ao Iémen
“Autoridades sauditas estão a matar centenas de migrantes e requerentes de asilo nesta remota área de fronteira, fora da vista do resto do mundo”, denunciou Nadia Hardman, refugiada e investigadora de direitos migrantes da Human Rights Watch.
O facto de o regime saudita “gastar milhões a investir no [circuito de] golfe profissional, a comprar clubes de futebol e [organizar] grandes eventos de entretenimento para melhorar a imagem saudita não deve desviar a atenção desses crimes horrendos”.