
O Arcebispo da Cantuária não encontra razão moral para diminuir os impostos sobre os mais ricos. Foto © WCC
No Reino Unido, “a prioridade é o custo de vida para os mais pobres”, afirmou o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, ao The Guardian, entrando assim na polémica que levou à demissão do ministro das Finanças do primeiro Governo de Liz Truss e pôs ponto final na proposta de miniorçamento que previa a redução das taxas dos impostos sobre os mais ricos.
“Se o objetivo é gerar consumo e expandir a economia, então deve-se injetar mais dinheiro nas mãos de quem precisa dele para comprar comida, comprar bens e satisfazer necessidades básicas” – esclareceu Welby em resposta a questões colocadas pelo The Guardian. O arcebispo também não vislumbra qualquer “argumento moral” favorável ao alívio de impostos para os mais ricos. O ’princípio’ de que se deve proteger os mais ricos no pressuposto de que trabalharam mais arduamente do que os outros foi frontalmente descartado por Welby: “Não, não vejo um argumento moral para defender isso. Não.”
A pobreza induzida pelo aumento do custo de vida e a previsível recessão da economia britânica mereceram ao primaz da comunhão anglicana o seguinte comentário: “Há muitas maneiras de resolver o problema. Não é um problema de desigualdade, é um problema de distribuir riqueza o suficiente para garantir que aqueles na extremidade inferior da escala possam aquecer e comer e ter um padrão de vida razoável. E isso é essencial.”
A entrevista publicada em The Guardian de dia 16 de outubro foi recolhida durante a viagem que o arcebispo está a realizar à Austrália para se solidarizar com as vítimas das maiores inundações da história daquele país. Sobre estas, Justin Welby disse: “Vendo esta devastação aqui, torna-se evidente que o impacte das mudanças climáticas é já uma questão de vida ou morte para um grande número de pessoas e não apenas uma ameaça para daqui a alguns anos.”