
Justin Welby, arcebispo de Cantuária, primaz da Comunhão Anglicana. Foto: Direitos reservados
Justin Welby, arcebispo de Cantuária e líder espiritual da Comunhão Anglicana, divulgou a sua mensagem ecuménica do Natal de 2020, centrando-se na pandemia global que atravessamos e no “sofrimento” que, “de uma forma generalizada”, provocou “muitos milhares de mortes e uma crise económica em todo o mundo.”
No texto, o primus inter pares (primeiro entre iguais) dos anglicanos considera que antes da pandemia o mundo já era frágil, “na saúde pública, nos conflitos contínuos e mudanças climáticas que afetam a vida deste mundo, tendo sido profundamente afetados os mais pobres e os mais vulneráveis”.
Comemorar este Natal com todos os costumes e tradições não é possível, diz Justin Welby, que recorda que no entanto, quando se olha “à volta do mundo e através da sua história, é (…) muito claro que a celebração da Incarnação é sempre fundamentada no reconhecimento de que o nosso mundo é frágil e sofredor”. E acrescenta: “Nosso Senhor nasceu neste nosso mundo decaído e é no seu nascimento, morte e ressurreição que encontramos a esperança. Para povos que enfrentam doenças, guerras, deslocamentos e pobreza todos os dias, mesmo nesses sofrimentos é sempre possível encontrar alegria no nascimento de Cristo que é assinalado e celebrado como uma forma constante de recordar a nossa Salvação.”
A mensagem recorda a todos os cristãos que “Cristo veio a um mundo sofredor para trazer cura, reconciliação e esperança”, que se está a tornar real, apesar do sofrimento. É necessário chegar aos mais necessitados com amor, e as Igrejas e cristãos têm estado presentes, com “amor não numa posição de poder, mas de vulnerabilidade”. Um amor – refere – “que suja as mãos. Amor aberto e generoso. Amor que, sem grande cerimónia, faz a diferença. Jesus Cristo, a luz do mundo, brilha mesmo nos tempos mais sombrios: por isso somos gratos e nos alegramos”.
O arcebispo de Cantuária cita Justino Mártir: “Ele [Jesus] tornou-se um ser humano por nossa causa, tornando-se participante dos nossos sofrimentos. Assim da mesma forma Ele também nos pode curar (Segunda Apologia, Capítulo XIII)”.
A Comunhão Anglicana – representada em Portugal pela Igreja Lusitana e Capelania da Igreja Inglesa –, tem 90 milhões de membros, presentes em 165 países, estando organizada em 43 províncias. Cada igreja nacional é autónoma e dirige-se por si, respondendo às particularidades e necessidades de cada povo, e encontra a sua unidade, nessa pluralidade. Existem quatro instâncias de “governo”: o Arcebispo de Canterbury, a Conferência de Lambeth, a Reunião dos Primazes e o Conselho Consultivo Anglicano.