Entre os 11 bispos franceses investigados

Arcebispo emérito de Estrasburgo assume “gestos inapropriados” com mulher na década de 80

| 17 Nov 2022

Jean-Pierre Grallet arcebispo emérito de estrasburgo, Foto Claude TRUONG-NGOC, via Wikimedia Commons

Jean-Pierre Grallet foi arcebispo de Estrasburgo de 2007 a 2017. Foto © Claude TRUONG-NGOC, via Wikimedia Commons.

 

O arcebispo emérito de Estrasburgo, Jean-Pierre Grallet, reconheceu ter tido “gestos inapropriados para com uma uma jovem adulta”, no fim dos anos 80, comportamento que diz “lamentar profundamente”. Através de um comunicado publicado esta quarta-feira, 16 de novembro, e enviado ao presidente da conferência episcopal francesa, Grallet afirma querer “contribuir para o processo de verdade” e assumir a sua responsabilidade, enquanto aguarda as conclusões das investigações canónica e civil.

Esta confissão surge na sequência de uma declaração da Conferência dos Bispos de França (CBF), na semana passada, que informava existirem atualmente 11 bispos investigados por casos de abusos sexuais naquele país. Entre eles, o cardeal Jean-Pierre Ricard, arcebispo emérito de Bordéus, duas vezes presidente da própria CBF, que reconheceu publicamente ter-se conduzido “de modo repreensível com uma menina de 14 anos” quando, há 35 anos, já era padre [ver 7MARGENS].

No comunicado de Grallet, divulgado através do site da diocese de Metz, onde reside atualmente, o religioso franciscano de 81 anos afirma ter escrito à mulher em questão, no verão de 2021, para lhe dizer que havia falhado e “pedir-lhe perdão”.

“Eu perdi-me e magoei uma pessoa. O perdão que lhe pedi, expresso também a todos os seus familiares, bem como a todos aqueles que, hoje, serão feridos, sob o choque desta revelação”, escreveu o ex-arcebispo.

No mesmo dia, o seu sucessor e atual arcebispo de Estrasburgo, Eric Ravel, afirmou ter sido contactado pela vítima em dezembro de 2021. “Relatei o assunto ao Ministério Público de Estrasburgo em janeiro de 2022. As autoridades romanas também foram informadas. Essas investigações estão em andamento”, assegurou.

Também o provincial dos franciscanos na região de França e Bélgica, Michel Laloux, emitiu um comunicado nesta quarta-feira, informando que havia “confiado ao irmão Jean-Pierre [Grallet] a responsabilidade de uma casa de irmãos mais velhos”. “Depois de ouvir o Conselho Provincial decidi suspendê-lo do cargo até *as conclusões da investigação”.

“Nós, Frades Menores, estamos a sofrer com as últimas revelações da Igreja, como todo o povo de Deus. Os erros cometidos e o clima generalizado de desconfiança em relação à instituição exigem muita cautela e altos padrões. Apesar da raiva legítima, lembremos que cada caso é único. O caso de D. Grallet é diferente do de D. Santier e de D. Ricard, que ecoou na imprensa nas últimas semanas. Caberá aos tribunais qualificar com precisão os fatos e sua gravidade”, pode ler-se no comunicado.

Na nota, Laloux reafirma a “firme e resoluta vontade de lutar contra todas as formas de abuso” na sua província. Esperamos que a declaração do padre Jean-Pierre contribua para abrir um novo tempo para a Igreja; uma Igreja que reconheça as suas falhas, que se comprometa a reparar o que foi quebrado e que aja para que esses fatos não se repitam”.

Jean-Pierre Grallet fez os seus votos solenes como franciscano a15 de setembro de 1968 e foi ordenado sacerdote a 28 de junho do ano seguinte. Foi arcebispo de Estrasburgo de 2007 a 2017.

 

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