Arte e arquitectura religiosa com semana cheia em Lisboa

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, de Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas. Foto © João Valério/Wikimedia Commons
Visitas à arte e arquitecura de igrejas e conventos e um curso livre sobre Arte Moderna e Arte da Igreja são várias iniciativas previstas para os próximos oito dias em Lisboa. O curso decorrerá na Capela do Rato (Lisboa), entre segunda e sexta da próxima semana (dias 23 a 27) e na Igreja de Moscavide (sábado, 28) e pretende evocar o livro publicado há 60 anos pelo padre Manuel Mendes Atanásio, mas também os 50 anos do fim do MRAR – Movimento de Renovação da Arte Religiosa, conforme se pode ler na nota de agenda já publicada no 7MARGENS.
“O tema continua actual”, diz o arquitecto João Alves da Cunha, responsável científico do curso. “O livro procurava defender a pertinência e o lugar da arte moderna e dos artistas contemporâneos no espaço da Igreja, contra uma arte de santeiro, e esse tema é actualíssimo. Apesar de algumas grandes e boas obras”, várias delas criadas no âmbito do MRAR, ao qual ele o padre Atanásio pertenceu, o problemas subsiste, insiste.
Há um artigo escrito por Manuel Mendes Atanásio em que ele se queixa das obras que se vendem em Fátima, recorda Alves da Cunha. Por isso é preciso debater o que é a arte, que lugar ocupa para a Igreja e procurar reflectir também as questões da modernidade e da cultura moderna que supostamente seria contra a Igreja.
“Os receios da Igreja contra o moderno tinham também uma dimensão política: um dos motivos da recusa é porque se acusava a arte de ser comunista”, explica o organizador do curso. “Hoje, as questões são outras, a arte contemporânea é mais complexa e rege-se por critérios diferentes e também por isso muitas vezes não é bem aceite. Mas deve fazer-se o debate sobre como ela pode ser acolhida pela Igreja.”
O curso pelo Artis – Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, conta com cinco sessões, dedicadas sucessivamente à história, protagonistas, Igreja, curadores e artistas, em que intervêm sempre dois conferencistas. O curso termina sábado, 28 de Setembro, com uma visita à igreja de Santo António de Moscavide, “onde há 60 anos se concretizou um diálogo frutuoso entre a Arte Moderna e a Igreja”, diz. O programa completo pode ser lido na nota de agenda já referida.
A dificuldade da escolha

Igreja de São Roque, em Lisboa. Foto © Luis Cozeto/Wikimedia Commons
Já neste fim-de-semana a dificuldade para os interessados será a da escolha: Sé Patriarcal, igrejas da Madalena, Conceição Velha e São Nicolau e ermida de Nossa Senhora da Oliveira serão, por esta ordem, as cinco igrejas incluídas no “Itinerário da Fé”, que decorre neste sábado, 21 de Setembro, a partir das 10h00, organizada em conjunto pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e pelo Sector do Turismo do Patriarcado de Lisboa. No mesmo dia (e também no domingo, 22), a iniciativa Open House Lisboa proporciona, no conjunto de 50 espaços de arquitectura, várias visitas guiadas a algumas igrejas e conventos da cidade.
No caso do “Itinerário da Fé”, trata-se de visitar espaços que aliam a “função espiritual” a “boa arquitetura, boa pintura, boa escultura”, como refere, em declarações à Ecclesia a directora de desenvolvimento cultural da SCML. O percurso começa na Sé, às 10h, e termina na pequena ermida que muitas vezes passa despercebida por estar situada entre prédios, na Baixa Pombalina.
Até final do ano, e de acordo com a mesma fonte, os “Itinerários da Fé” promovem uma visita por mês em dois circuitos: percurso da Baixa (além deste sábado, também 19 de Outubro, 16 de Novembro e 21 de Dezembro) e percurso do Bairro Alto (28 de Setembro, 26 de Outubro, 23 de Novembro e 28 de Dezembro). Este último começa no Convento dos Cardaes, passa depois nas igrejas de Santa Catarina e São Roque e termina no Convento de São Pedro de Alcântara (onde hoje funcionam vários serviços da SCML).
A participação, sendo gratuita, necessita de inscrição prévia, através do endereço itinerariosdafe@paroquiasaonicolau.pt (até 24h antes). A iniciativa realiza-se com um mínimo de dez pessoas e o máximo de 30 por sessão.
No caso da Open House, organização internacional em 40 cidades em todo o mundo, trata-se de conhecer espaços sobretudo, embora não exclusivamente, na perspectiva arquitectónica. Em Lisboa, a sua realização está a cargo da Trienal de Arquitectura de Lisboa que, entre os 50 locais com visitas guiadas, incluirá alguns de matriz religiosa: convento de S. Domingos, igreja de Santa Isabel, capela de Santo Amaro e Museu do Azulejo (antigo convento da Madre de Deus).
As visitas no âmbito da Open House decorrem sábado e domingo em vários horários (descritos aqui em pormenor, onde também se podem ler algumas notas sobre os diferentes espaços a visitar) e todas elas são sujeitas à limitação de 25 lugares.
[related_posts_by_tax format=”thumbnails” image_size=”medium” posts_per_page=”3″ title=”Artigos relacionados” exclude_terms=”49,193,194″]