
O autor dos atos rendeu-se pouco depois sem qualquer resistência, quando abordado pela força policial. Foto retirada do perfil de Twitter @verdadesenadama.
O jovem de nacionalidade marroquina que matou à catanada na última quarta-feira, 26 de janeiro, o sacristão de uma igreja de Algeciras, cidade portuária do sul da Andaluzia, tendo ferido quatro outras pessoas, foi colocado pela polícia à disposição da Autoridade Nacional que lida com casos de terrorismo.
Foi ao cair do dia que o jovem, de 25 anos, começou por entrar na igreja de Santo Isidro, tendo agredido com uma catana o pároco local, deixando-o em estado grave. Saiu, a seguir, do local e encaminhou-se de catana nas mãos para a igreja de Nossa Senhora de la Palma. Entrou e começou a derrubar os objetos que se encontravam no altar, o que levou o sacristão a tentar demovê-lo. Provavelmente apercebendo-se do risco, terá tentado fugir e foi já na rua que, depois de ter a vítima no solo, o agressor brandiu sobre ela de novo a catana, tirando-lhe a vida. As restantes três vítimas tiveram ferimentos ligeiros. O autor destes atos rendeu-se pouco depois sem qualquer resistência, quando abordado pela força policial.
A reconstituição entretanto realizada permitiu apurar que não terá havido cúmplices. Por outro lado, testemunhas terão escutado impropérios e gritos proferidos pelo jovem, quando se encontrava nas igrejas, em que se destacava o nome de Alá. Isso levou o magistrado que apreciou o caso a considerar que se trataria de uma pessoa de religião muçulmana, provavelmente radicalizada por relação com o “salafismo jihadista”, e, segundo relata o jornal El País, qualificando inicialmente os factos como um crime de homicídio “para fins terroristas”.
Comentando o sucedido, o bispo-auxiliar de Toledo, César Garcia Magan, que é também secretário-geral da Conferência Episcopal Espanhola, expressou pesar às famílias das vítimas e desejou rápida recuperação dos feridos. Quando a interpretações, a sua reação foi de prudência: “Não se deve cair em provocações, atirar achas para a fogueira ou associar o terrorismo a qualquer religião ou fé”, comentou, em declarações citadas pelo Vatican News.
“Nunca se pode usar o nome de Deus para justificar qualquer ato de violência”, acrescentou o bispo.
A Comissão Islâmica da Espanha, por sua vez, considerou o ataque contrário a qualquer ensinamento religioso. “Estamos chocados com esta abominável ação criminosa assassina”, pode ler-se num comunicado entretanto divulgado.
Mas o acontecimento já se tornou motivo de luta política no país vizinho. Alberto Nunes Feijóo, presidente do Partido Popular, comentou que “o terrorismo islâmico é um problema de toda a sociedade europeia e devemos agir de forma unida e sabendo que existe um problema latente porque há pessoas que matam em nome de um Deus ou de uma religião”. Mas não se coibiu de ir contra o que o bispo auxiliar solicitou, ao acrescentar: “Há muitos séculos que não se vê um católico ou um cristão matar em nome de sua religião e crenças”.
Estas declarações foram consideradas “irresponsáveis” e “demagógicas” pelo PSOE, o partido no poder.