
Pelo menos 32 bahá’ís terão também sido presos durante o mês de outubro em diversas cidades do Irão e outros 26 condenados a um total de 126 anos de prisão. Foto © Lara Jameson/Pexels.
As forças de segurança iranianas invadiram na semana passada, sem apresentar qualquer justificação, as casas de mais de 20 bahá’is e, após agredi-los física e verbalmente, levaram pelo menos 19 sob custódia, desconhecendo-se o seu paradeiro. Estas “detenções e buscas domiciliárias confirmam os receios crescentes de que o governo do Irão tenha redobrado a sua repressão à comunidade bahá’í perseguida” no país, denuncia a Comunidade Internacional Bahá’í (BIC, na sigla inglesa).
Cinco das casas invadidas pertenciam a mulheres idosas que viviam sozinhas, com idades compreendidas entre os 70 e os 90 anos. Os maridos de duas delas “estavam entre os mais de 200 bahá’ís executados pelo governo do Irão após a Revolução Islâmica de 1979”, revela um comunicado divulgado no site da BIC.
Pelo menos 32 bahá’ís terão também sido presos durante o mês de outubro em diversas cidades do Irão e outros 26 condenados a um total de 126 anos de prisão, acrescenta o documento.
“A cada semana que passa, e a cada nova vaga de detenções, o governo iraniano dá-nos novas provas da sua crueldade e das suas intenções de perseguir os bahá’ís apenas pelas suas crenças, mesmo em idade avançada”, afirma Simin Fahandej, representante da Comunidade Internacional Bahá’í nas Nações Unidas em Genebra, citada no comunicado.
“Fazer buscas nas casas dos idosos e dos enfermos – mulheres que perderam os seus maridos há mais de 40 anos, para este mesmo governo – mostra-nos também que qualquer tentativa das autoridades iranianas para justificar as suas ações é vazia e falsa. Que ameaça os bahá’ís doentes e idosos representam para o governo iraniano?”, questiona Fahandej,para concluir que “nada além do preconceito religioso pode explicar tais ações impiedosas”.
Já no início de outubro, o 7MARGENS havia dado conta da discriminação que estavam a sofrer os jovens bahá’ís que se candidataram este ano ao ensino superior no Irão, ao serem “convidados a assinar um formulário de declaração renunciando às suas crenças para poderem ser admitidos na universidade”.
Poucos dias antes, o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, havia feito, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, um discurso em defesa da igualdade e do respeito pelas religiões em todo o mundo, que a Comunidade Bahá’í Internacional apelidou então de “hipócrita”.
Os dados divulgados no final de outubro pelo relator especial das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos no Irão, Javaid Rehman, não deixam margem para dúvidas: “houve um aumento acentuado nos ataques dirigidos e assédio à [comunidade] bahá’í, com mais de 333 incidentes relatados desde julho de 2022, incluindo casos de detenções arbitrárias, interrogatórios, detenções ilegais, tortura, maus-tratos, destruição de propriedades, profanação de cemitérios, negação de direitos à educação e outras formas de pressões económicas”.