
D. Virgílio do Carmo da Silva é arcebispo de Dili e vai ser feito cardeal pelo Papa Francisco. Foto © José Fernando Real
O bispo de Timor Leste, Virgílio do Carmo da Silva, considera que Timor-Leste tem um lugar “único” naquele continente, mesmo sendo uma das nações mais jovens de todo o continente, por causa da capacidade de “reconciliação” que demonstrou após a independência do país com quem partilha o território. “Falamos de uma ilha pertencente a dois países, Indonésia e Timor Leste, que mantém uma relação pacífica com o nosso país vizinho, a Indonésia. Apesar da nossa história amarga no passado, reconciliámo-nos, perdoando e esquecendo o nosso passado, e agora estamos a desfrutar de um bom relacionamento”, assegura o prelado.
Em entrevista ao portal de notícias da Santa Sé, explicou que estava em retiro quando recebeu a notícia da nomeação cardinalícia, um “dom que Deus fez através do Santo Padre para o povo e a igreja de Timor-Leste”. “A Igreja Católica de Timor Leste, que completou recentemente 500 anos de existência, e o país, que acaba de completar 20 anos de independência, merecem-no. [É] não para mim, mas para o povo de Deus aqui em Timor-Leste, uma ocasião concreta de afirmação da identidade deste pequeno país do Sudeste Asiático com 96% de católicos”, considerou.
Este país de maioria católica viu o número de católicos crescer dramática e rapidamente durante o tempo da guerra civil que assolou o país antes da independência. “A tarefa da Igreja Católica durante essas duas décadas foi de luta, pois trabalhou para dar um bom acompanhamento, consolidar e amadurecer a fé do povo neste período de transição”, recorda.
Para D. Virgílio, que irá ser feito cardeal no Consistório marcado para dia 27 de agosto próximo, as prioridades da Igreja para o seu país passam por “abordar a formação e a educação na fé”. “Devemos assegurar que os formadores sejam bem qualificados, especialmente nos seminários. Devemos formar bem os leigos, especialmente os catequistas e outros voluntários leigos, para nos ajudar a aprofundar a fé do povo. Os catequistas devem ter uma formação sólida, e é importante que os vários grupos categóricos existentes em cada paróquia sejam capacitados”, refere, acrescentando que “os alvos do nosso apostolado são sobretudo as famílias, as crianças e os jovens, prioridades da nossa pastoral”.