
Carlos Azevedo em Roma, no início de Novembro: o bispo português passa a integrar o comité das Ciências Históricas, do Vaticano. Foto @ 7Margens
O bispo português Carlos Azevedo foi nomeado neste sábado para o lugar de delegado (“número dois”) do Comité Pontifício para as Ciências Históricas, deixando o cargo equivalente que desempenhava no Dicastério para a Cultura e a Educação, da Santa Sé, que há poucas semanas passou a ser dirigido pelo também português cardeal José Tolentino Mendonça.
A nomeação foi anunciada ao final da manhã de sábado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, num momento em que o bispo se encontra em Portugal a apresentar o seu último livro, sobre o qual o 7MARGENS o entrevistou. O património e os arquivos são duas das áreas mais importantes tuteladas pelo Comité Pontifício.
Na noite de sexta-feira, na primeira sessão de apresentação do livro Entre Vaticano e Portugal: questões de governo e de pastoral (séc. XVII a XX), que decorreu em Lisboa, o bispo afirmou que a compreensão histórica da relação da Igreja com o mundo e o tempo é condição essencial para se perceber como pode o cristianismo ser relevante na cultura contemporânea.
“As formas futuras do cristianismo emergirão da profunda crise actual e implicam a mudança do papel da fé na sociedade e das manifestações na cultura contemporânea”, afirmou, citado pela Ecclesia.
“O esforço por compreender a si mesmo e à história é uma componente substancial da história humana. Uma configuração da fé humana pede o exercício de compreensão”, sublinhou o agora delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas.
O bispo português, que está há uma década no Vaticano, fez notar que contactar com “sucessivas mudanças”, focadas na publicação, convida “a pôr de lado muitos categorias estáticas e a acolher profeticamente a sabedoria de um olhar histórico”.
“Conhecer as mudanças, no itinerário da fé das pessoas, seja nas categorias mentais que orientam as instituições, ajuda a relativizar, a afastar o fanatismo que paralisa numa época, esquecido do dinamismo histórico do cristianismo. As concepções teóricas, rescritas imutáveis, são questionadas pela evolução histórica”, afirmou, sublinhando a importância da historicidade para a vida pastoral.
O novo livro foi apresentado por Paulo Fontes, do Centro Estudos de História Religiosa, da Universidade Católica Portuguesa, que valorizou o “material novo, de contacto directo com as fontes” e que apresenta “uma descrição viva e acutilante do que eram as preocupações dos agentes, de um protagonismo na sua vivacidade”, e que recorda questões atuais.