Um “grande empresário”, um “visionário”, alguém “com uma inteligência arguta”, mas acima de tudo “um homem bom”: assim descreve o arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, o “senhor Nabeiro”, como costumava chamar ao empresário fundador do Grupo Delta Cafés, que faleceu este domingo aos 91 anos. Antecedendo as exéquias às quais preside esta terça-feira, pelas 12h, na Igreja Matriz de Campo Maior, o bispo fez questão de gravar uma mensagem em vídeo, em que é visível a admiração e gratidão que sente por Rui Nabeiro.
“Vendo muito longe, teve sempre um coração de povo. Nunca deixou de ser do povo”, sublinha Francisco Senra Coelho, na mensagem divulgada ao final desta segunda-feira nas redes sociais da arquidiocese de Évora, e que pode ser vista acima. “Fez da empresa uma família”, acompanhando o dia a dia dos milhares de funcionários, que “conhecia pelo nome, pelos seus problemas” e a quem tantas vezes ajudou, acrescenta o arcebispo.
Por isso, refere, não é de admirar que as pessoas falassem dele “como de um amigo” e que, nas ruas de Campo Maior, tantas vezes o tratassem como “o tio Rui Nabeiro”. Para Francisco Senra Coelho, é mesmo “impressionante esta ligação ao seu povo, a fidelidade à sua terra”, da qual “nunca se desgarrou”, apesar dos custos acrescidos que isso implicou para o seu grupo empresarial.
Ao longo da mensagem, que se estende por mais de 15 minutos, o arcebispo recorda vários momentos em que esteve com Rui Nabeiro e assinala a relação de “pertença” que este tinha com a Igreja Católica e o sentido “pedagógico” com que ajudou inúmeras instituições paroquiais e padres, ao longo da sua vida.
No recente encontro que decorreu durante a visita pastoral do arcebispo de Évora a Elvas, Rui Nabeiro chegou mesmo a afirmar: “A Igreja é a minha casa”. E “deu-me coragem”, reconhece Senra Coelho, para quem “a sua preocupação social e participação cívica, com a comunidade e com o país, devem ser um exemplo e uma inspiração”.
As cerimónias fúnebres são celebradas esta terça-feira em Campo Maior, onde o comendador nasceu a 28 de março de 1931. O município local decretou um luto de cinco dias.