
Bispo Franco Mulakkal: “Renuncio pelo bem da diocese de Jalahandar”
O bispo indiano Franco Mulakkal da diocese de Jalahandar, acusado de ter violado e abusado de uma freira ao longo de vários anos, acaba de ver o seu pedido de renúncia ao cargo aceite pelo Papa, de acordo com uma informação esta quinta-feira difundida pela Sala de Imprensa do Vaticano.
O bispo Mulakkal foi acusado de estuprar a ex-superiora geral das Missionárias de Jesus em várias ocasiões, de 2014 a 2016, aquando de visitas que fazia ao convento do instituto em Kerala, e de “abusar de sua posição de poder”. O caso gerou reações de repúdio entre católicos indianos, sobretudo depois de cinco freiras, que residiam com a vítima terem vindo a público, em 2018, pedir justiça.
Por sua vez, o bispo não só negou as acusações como as considerou difamatórias e uma forma de ela se vingar por ele a ter afastado da liderança da congregação, na sequência de indícios de alegado envolvimento dela com um homem casado.
Mulakkal chegou a estar preso três semanas, tendo saído sob fiança e sido absolvido por um tribunal local, em janeiro de 2022. Porém, o tribunal superior da cidade de Kerala viria, posteriormente, a aceitar um recurso dessa absolvição.
Segundo o site católico Asia News, a solicitação da renúncia terá sido feita pela Nunciatura Apostólica (equivalente a embaixada do Vaticano) na Índia, “para o bem da Igreja”, especialmente para o bem da diocese de Jalandhar, que precisa de um novo bispo.
O bispo, de 59 anos, que continuava sem serviço atribuído, depois de ter sido dispensado de funções pelo Vaticano, para responder como acusado, em 2018, declarou, numa mensagem por vídeo: “Renuncio pelo bem da diocese de Jalahandar”. Quer do lado da Nunciatura quer do visado sublinha-se que não se trata de uma medida disciplinar, mas de acautelar “o bem da Igreja”.
Na mensagem divulgada, Mulakkal disse que se tinha encontrado com o Papa em fevereiro deste ano, no Vaticano, acrescentando que tinha, nessa ocasião, informado o pontífice da sua decisão de renunciar ao cargo.
As freiras que denunciaram o bispo sofreram o descrédito e, de certo modo, o abandono da hierarquia da Igreja. A ex-superiora queixou-se de não ter recebido respaldo de responsáveis da Igreja para denunciar os abusos de que se diz vítima e viu-lhe instaurado um processo de expulsão da congregação. O 7MARGENS referiu-se várias vezes (Freira indiana apela ao Vaticano contra a sua expulsão da ordem, Índia: Vaticano rejeita apelo da irmã Lucy Kalappura e Católicos pedem proteção para alegada vítima de violação) ao grupo de freiras e à coragem da denúncia, que demonstraram, num ambiente hostil.