
A “questão da pertença religiosa” – tem vindo a estar cada vez mais presente durante as campanhas eleitorais, e tornou-se um tema dominante na atual corrida eleitoral. Foto © D-Keine.
Os bispos católicos do Arizona vieram a público no dia 31 de outubro para desautorizar os “grupos extremistas” de “várias organizações e publicações que afirmam representar a Igreja Católica” e assim pretendem influenciar o voto católico nas eleições de meio de mandato de 8 de novembro, mas que, de acordo com os bispos, “não representam a Igreja Católica”.
A desautorização – citada pelo Catholic News Service de dia 2 de novembro – surge perante a crescente difusão de mensagens partidárias com fundamento religioso que pretendem fornecer razões para que a escolha dos católicos recaia em determinados candidatos e não outros. A “questão religiosa” – ou melhor, a “questão da pertença religiosa” – tem vindo a estar cada vez mais presente no espaço público dos EUA, em particular durante as campanhas eleitorais, e tornou-se um tema dominante na atual corrida eleitoral.
A revogação do direito ao aborto votada pelo Supremo Tribunal de Justiça em junho tem ocupado um lugar central nos debates das próximas eleições intercalares de 8 de novembro. Enquanto os democratas (contrários à revogação) procuram ganhar votos junto do eleitorado feminino mais progressista, os republicanos (favoráveis à ilegalização do aborto) querem garantir o voto do eleitorado cristão. Nos Estados do Sudoeste (caso do Arizona) os democratas, por seu turno, tentam cativar o voto cristão mostrando que a política dos governadores republicanos (e dos congressos estaduais dominados pelo Partido Republicano) contra os migrantes é contrária aos imperativos humanitários da fé cristã.
Perante estas manobras de sedução, quatro bispos (Novo México, Tucson e dois de Phoenix) sentiram-se na obrigação de esclarecer: “Devemos enfatizar que a Igreja Católica é sempre politicamente apartidária. Além disso, vale a pena lembrar que a Igreja Católica tem uma longa tradição de reconhecer que a nossa crença influencia a opção política de cada um, mas a opção política pessoal não deve tentar influenciar a nossa fé. Quando invertemos estes dois termos, colocamo-nos fora da tradição e dos ensinamentos da Igreja Católica”.
Nestas eleições intercalares, o Arizona é um dos cinco Estados “críticos” que podem determinar que o Partido Democrata mantenha a maioria na Casa dos Representantes, impedindo que o Congresso seja inteiramente dominado pela oposição à administração Biden, já que é dado como certo que vai ficar em minoria no Senado.
A 8 de novembro, cada um dos Estados elege um representante para a câmara baixa do Congresso, 33 Estados elegem um senador e um outro elege dois, enquanto 36 Estados escolhem os seus governadores. Na corrida ao Senado estão em causa 21 assentos republicanos e 14 democratas, mas basta que o Partido Republicano mantenha todos os seus senadores e conquiste um aos democratas para que a maioria mude de cor. Os seis Estados em que os analistas preveem que possam existir mudanças na filiação partidária dos senadores são: Arizona, Nevada e Geórgia (senador democrata a perder para candidato republicano); e Pensilvânia, Ohio e Wisconsin (senador republicano a perder para candidato democrata).
Católicos desaprovam Biden

Os resultados da sondagem da EWTN mostram que a ação do Presidente Biden é reprovada em média por 62,2 por cento dos eleitores católicos dos seis Estados.
A grande maioria (63,3%) dos potenciais eleitores católicos em seis estados-chave – Arizona, Flórida, Geórgia, Nevada, Ohio e Pensilvânia – consideram a economia (o emprego, a inflação e as taxas de juros crescentes) como a questão mais importante que os EUA enfrentam hoje, conclui uma sondagem da EWTN News/RealClear Opinion Research.
Os resultados da sondagem mostram que a ação do Presidente Biden é reprovada em média por 62,2 por cento dos eleitores católicos dos seis Estados e aprovado por apenas 35,4 por cento. Mais de metade (57,5%) desaprovam fortemente o desempenho do Presidente, enquanto pouco mais de um em cada dez (12,2%) aprova decididamente a sua ação.
As preocupações económicas dos eleitores católicos destes seis Estados – a sondagem considerou como Estado “crítico” nas eleições de 8 de novembro a Flórida no lugar do Wisconsin – superam todas as outras questões, incluindo a imigração e a segurança nas fronteiras (11,4%), aborto (7,3%), mudança climática (7,2%), assistência médica (4,5%) e crime (3,7%).
A sondagem mostra também que os candidatos republicanos lideram nas intenções de voto para o Senado e para o lugar de governador, ou estão muito perto de obterem os mesmo votos que os seus rivais democratas.
A sondagem da EWTN News/RealClear Opinion Research sobre as eleições de 2022 foi conduzida pelo Trafalgar Group entre 14 e 18 de outubro e com mais de 500 entrevistas de potenciais eleitores católicos em cada um dos seis estados “críticos”. Tem uma margem de erro de 4,1%, com um nível de confiança de 95%.