
Só no ano passado, o garimpo ilegal avançou 46% em comparação com o ano anterior. Foto © CIMI.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Norte I, organismo da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), denunciou o “aumento de violência” contra o povo Yanomami, pedindo “medidas de proteção aos indígenas e ao seu território”, numa nota divulgada esta semana no seu site oficial.
“Mais de 20 mil garimpeiros e pessoas que dão suporte à atividade ilegal circulam nas terras e rios, intimidando, ameaçando, avançando, desmatando, poluindo, contagiando, violentando e matando”, assinala o comunicado.
O organismo recorda que os líderes do povo Yanomami “denunciaram a morte de uma menina de 12 anos”, depois de ter sido violada pelos garimpeiros que controlam a comunidade Aracaçá, na região de Waikás, “e o desaparecimento de outra criança de três anos, quando a tia das meninas resistiu à violência”.
O Conselho Indigenista Missionário revela que 2021 já tinha sido “extremamente trágico” para o povo Yanomami, principalmente a partir do mês de maio, “com ataques violentos à comunidade Palimiu, na região do rio Uraricoera”. Só no ano passado, o garimpo ilegal avançou 46% em comparação com o ano anterior.
A nota assinala ainda Íque o novo arcebispo da Arquidiocese de Cuiabá, na homilia de despedida de Roraima, no dia 24 de abril, alertou para “a omissão e a responsabilidade do Governo Federal que incentiva as invasões e coloca na pauta do Congresso Nacional o projeto de lei que legaliza a mineração em terras indígenas”.
“Sofrem os povos indígenas, a natureza, os ribeirinhos e as cidades com os rios e os peixes envenenados pelo mercúrio, e sofrem também as pessoas iludidas que buscam no garimpo um modo de escapar das duras condições de vida no Brasil, mas encontram servidão, violência, drogas e morte. Deus nos livre dessa maldição!”, disse o arcebispo Mário Antônio da Silva.
A defesa dos povos indígenas e dos seus direitos às suas terras tem sido objeto de apelos recorrentes por parte dos bispos brasileiros, especialmente desde a assembleia especial do Sínodo dos Bispos na Região Pan-Amazónica, em outubro de 2019.