
“Os peruanos precisam de ser ouvidos nas suas justas reivindicações sociais, mas ao mesmo tempo precisam de uma paz que lhes permita continuar a trabalhar para sobreviver”, escrevem os bispos do Peru numa carta aberta. Foto: Direitos reservados.
A presidência da Conferência Episcopal Peruana tornou pública no dia 3 de fevereiro uma carta aberta criticando os 130 congressistas do país por não terem chegado a acordo naquela sexta-feira para convocar eleições presidenciais e legislativas este ano. “O povo soberano tem o direito de decidir sobre o destino da nossa pátria através de eleições transparentes e justas para renovar os poderes executivo e legislativo”, escrevem os bispos.
“Os peruanos precisam de ser ouvidos nas suas justas reivindicações sociais, mas ao mesmo tempo precisam de uma paz que lhes permita continuar a trabalhar para sobreviver. Não lhes virem as costas e ouçam o clamor de todo o povo peruano”, acrescentam os bispos em defesa da realização rápida de eleições. De acordo com as regras parlamentares, o Congresso peruano, depois de ter impedido o debate sobre a convocação antecipada de eleições, só pode voltar a apreciar o assunto no próximo mês de agosto.
Na sequência do impasse parlamentar, os manifestantes voltaram às ruas de várias cidades no sábado, 4 de fevereiro, tendo pelo menos 27 pessoas sido socorridas em hospitais da capital, Lima, vítimas das cargas policiais. A demissão da Presidente Dina Boluarte – que exerce as funções depois de o Presidente eleito, Pedro Castillo, ter sido preso a 7 de dezembro de 2022, acusado de organizar um golpe de Estado – e a convocação de eleições antecipadas têm sido os motes políticos das manifestações populares que se têm realizado um pouco por todo o país nos últimos dois meses. A polícia tem reprimido com violência os protestos nos quais já foram mortas 59 pessoas.