
De acordo com as medidas anunciadas na passada quinta-feira, 5 de janeiro, os EUA passam a recusar a entrada de todos os cubanos, haitianos e nicaraguenses que atravessem ilegalmente a fronteira a partir do México. Foto © Simeyla.
Os bispos católicos dos Estados Unidos da América (EUA) manifestaram-se contra as novas medidas que visam conter a migração ilegal para o país, anunciadas na semana passada pelo Presidente Joe Biden. Em comunicado, exigem ao governo que “reverta o seu caminho atual, em favor de soluções humanas que reconheçam a dignidade dada por Deus aos migrantes e forneçam acesso equitativo à imigração e caminhos humanitários”.
A declaração, assinada por Mark Seitz, bispo de El Paso (Texas), presidente do Comité para a Migração da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB), refere que “é difícil” considerar as novas regras anunciadas por Biden como um “progresso”, quando estas “impedem os que são forçados a fugir da sua terra natal a fazer uso do direito de procurar asilo”.
De acordo com as medidas anunciadas na passada quinta-feira, 5 de janeiro, os EUA passam a recusar a entrada de todos os cubanos, haitianos e nicaraguenses que atravessem ilegalmente a fronteira a partir do México, ampliando assim o plano já existente para reduzir a entrada de migrantes venezuelanos.
O presidente americano pediu aos migrantes que solicitem online as autorizações humanitárias para entrar no país e advertiu que, se atravessarem a fronteira sem autorização, serão expulsos e deixarão de poder beneficiar deste programa.
“O México concordou em permitir o regresso a cada mês de até 30 mil pessoas desses quatro países que tenham sido capturadas e deportadas tentando cruzar a fronteira sul de forma irregular”, disse Biden em declarações à imprensa na Casa Branca, citadas pela agência EFE.
O Presidente norte-americano confirmou que as deportações acontecerão ao abrigo do Título 42, política migratória estabelecida pelo seu antecessor, Donald Trump , no contexto da pandemia, e que o Supremo Tribunal americano ordenou manter durante os próximos meses, pelo menos. “Não gosto do Título 42, mas é o que temos que usar”, comentou, acrescentando que “este procedimento é ordenado, humanitário e funciona”.
Os bispos católicos consideram, no entanto, que “sob essa abordagem, muitos dos mais vulneráveis serão excluídos do socorro e submetidos a circunstâncias perigosas, infringindo as leis americanas e internacionais de refugiados, bem como a doutrina social católica”.
Para Seitz, “este é um afastamento drástico da promessa do governo de criar um sistema de imigração ‘justo, ordeiro e humano’ e apenas exacerbará os desafios em ambos os lados de nossa fronteira”.