
A apresentação do documento decorreu no sábado, 28 de janeiro, na sede da Conferência Episcopal Espanhola. Foto © CEE.
Reforçar “o acolhimento nas nossas comunidades, em particular daqueles que se sentem excluídos pela sua origem, situação afetiva, orientação sexual, ou por outros motivos”, aprofundar “a corresponsabilidade real e efetiva do povo de Deus, superando o clericalismo, que empobrece nosso ser e nossa missão” e promover “o papel da mulher na Igreja e favorecer a sua plena e igual participação em todos os níveis da vida eclesial e, em particular, no governo das instituições” são três das sete “prioridades específicas” traçadas pelos bispos espanhóis para as próximas assembleias sinodais.
O documento de quatro páginas resume a contribuição dos bispos espanhóis para a Assembleia Sinodal Continental que se realiza em Praga de 5 a 9 de fevereiro [Ver 7MARGENS ]. A sua apresentação decorreu no sábado, 28 de janeiro, na sede da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), numa reunião que juntou mais de uma centena de participantes, entre bispos, um grupo de membros da vida consagrada, um representante de cada uma das equipas sinodais diocesanas e dirigentes dos movimentos de leigos.
A equipa sinodal da CEE agradeceu o trabalho dos “grupos sinodais que participaram na fase diocesana” – de que resultou uma síntese nacional – e aos quais, em outubro, foi distribuído o documento de trabalho para a etapa continental (DEC). As reflexões e contribuições recebidas nesta segunda fase de consulta estão na base do documento agora apresentado. De acordo com a equipa sinodal, “embora o tempo de reflexão e trabalho diocesano nesta etapa continental tenha sido curto e a participação menor do que na fase anterior, a experiência e o caminho percorrido” mostram que “o processo sinodal não terminou pois a sinodalidade deixou de “ser concebida como uma teoria ou um conceito abstrato, para ser entendida como uma realidade que favorece a comunhão”.
Lugares de consulta ou de decisão?
As sete prioridades pastorais desenhadas “representam grandes desafios para a Igreja e exigem um profundo discernimento que permita unir renovação com tradição” e incluem, além das três já referidas: cultivar “a integração e a participação dos jovens nas comunidades”; “estimular a formação nas questões fundamentais da fé”, particularmente no que “diz respeito à doutrina social da Igreja” e à “sinodalidade”; promover “o diálogo com o mundo e a cultura, com outras confissões religiosas e com a criação”; e “cuidar da liturgia através da formação e maior compreensão dos seus ritos e conteúdos”.
Antes de definir as prioridades pastorais para a Igreja em Espanha, o documento sublinha alguns aspetos da realidade eclesial que põe em evidência as tensões vividas dentro das próprias comunidades católicas, dando especial relevo ao “clericalismo que leva a confundir serviço com poder” e a que se contrapõe uma “sinodalidade que se vai configurando pouco a pouco na vida das Igrejas particulares, embora não faltem divergências quanto ao seu entendimento e atuação, que se expressam em desconfiança, ceticismo, medo, desinteresse, confusão e até entraves”. Contudo, sublinha a síntese: “Há um desejo de participação real do povo de Deus na vida e nas decisões da Igreja, que esbarra em óbvias limitações estruturais. Daí o pedido de que os órgãos sinodais não sejam meramente consultivos, mas lugares onde as decisões são tomadas com base nos processos de discernimento comunitário.”
Em Portugal, nada ainda foi divulgado quanto ao documento que a delegação nacional apresentará à Assembleia Sinodal Continental que começa no próximo dia 5.