
O bispo Miguel Cabrejos considera que a decisão do Papa ajudará “a desenvolver em profundidade o chamamento à comunhão, participação e missão”. Foto © Vatican Media.
O presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), o bispo Miguel Cabrejos, reagiu com alegria ao anúncio do Papa de prolongar o Sínodo sobre a Sinodalidade até 2024, reconhecendo que se trata de “uma decisão ousada na medida em que enfatiza a necessidade de priorizar o processo, mais do que o evento sinodal”, e de garantir que toda a Igreja é envolvida, e “não apenas a Assembleia Sinodal”.
“Esta decisão favorecerá o amadurecimento do caminho em que estamos” e “ajudar-nos-á a desenvolver em profundidade o chamamento à comunhão, participação e missão, rumo a uma Igreja cada vez mais sinodal”, enfatizou o arcebispo de Trujillo, em declarações ao site do Instituto Humanitas – Unisinos. “Do Celam continuaremos a acompanhar e participar ativamente das orientações que o bispo de Roma e a Secretaria Geral do Sínodo nos indiquem”, assegurou.
Mauricio López, diretor do Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral do Celam, salienta que, para a igreja latino-americana, “foi fundamental ter vivido dois processos que marcaram esta experiência, o Sínodo Amazónico, como uma extensão da escuta do povo de Deus, alcançando as periferias, e a Assembleia Eclesial da América Latina e das Caraíbas”. Isso aconteceu “numa perspetiva de inserir o discernimento comunitário como uma ferramenta viva para poder buscar o que o Espírito Santo quer dizer-nos, e além dos documentos magistrais, encontrar no sensus fidei os convites para as reformas da nossa Igreja, para as novidades estruturais”.
Isto já se refletiu na realidade da Igreja da América Latina, sublinha Mauricio López, através da “criação da Conferência Eclesial da Amazónia, na renovação e reestruturação do Celam, na própria Assembleia Eclesial”.
Agora, com o prolongamento do Sínodo, “o que o Papa Francisco está a tentar fomentar é uma dinâmica de reciprocidade, de circularidade. Ao acrescentar um ano ao processo, o que ele está a fazer é abrir o espaço para que o discernimento seja aprofundado”, enfatiza.
Assim, após a primeira assembleia em outubro de 2023, com o que sair dela, “teremos realmente a possibilidade de voltar ao povo de Deus, em toda a sua diversidade, para garantir que este povo possa também contribuir para a construção do que serão os documentos finais, seja uma exortação apostólica ou sobretudo as novas perspectivas para uma Igreja mais sinodal em termos de comunhão, participação e missão”, conclui.