
Os violentos protestos começaram após o líder da oposição senegalês ter sido condenado a dois anos de prisão por aliciamento de menores, o que o impediria de concorrer às eleições presidenciais de 2024. Foto © @fatouoficial, via Twitter.
Pelo menos 16 pessoas morreram nos últimos dias no Senegal na sequência dos protestos pela condenação do líder da oposição, Ousmane Sonko, e os bispos católicos do país manifestaram-se “muito preocupados com a conjuntura social e política”. Em comunicado, citado esta segunda-feira, 5 de junho, pelo jornal Crux, pedem a todos os cidadãos “razão, moderação e responsabilidade”, e em particular aos jovens que não cedam “ao desespero ou à manipulação, a ponto de queimar, saquear e destruir bens alheios e da comunidade”.
“Para o presente e futuro da nossa nação, convidamos todos os atores políticos, sociais e económicos, bem como líderes religiosos, a colocar o interesse geral em primeiro lugar e promover a justiça, a verdade, a paz e a equidade social, nas suas palavras e ações”, escreveram os bispos católicos senegaleses.
Os membros da conferência episcopal, que integra também bispos da Mauritânia, Cabo Verde e Guiné-Bissau, lamentam “as muitas vítimas humanas, bem como todos os atos de destruição de propriedade pública e privada” e o “clima de medo e insegurança” geral que prevalece atualmente no país, maioritariamente muçulmano, considerado uma das democracias mais estáveis da África Ocidental.
Os violentos protestos começaram após Sonko ter sido condenado a dois anos de prisão por aliciamento de menores, o que o impediria de concorrer às eleições presidenciais de 2024. Conhecido pelo seu discurso “antissistema”, o líder da oposição critica a má governação, a corrupção e o neocolonialismo francês e tem muitos seguidores entre a juventude senegalesa.
Os manifestantes ergueram barricadas com pneus e veículos em chamas, atiraram pedras contra as forças policiais e realizaram saques a lojas e edifícios públicos, enquanto a polícia usou gás lacrimogéneo.
Também o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou, já na passada sexta-feira, a violência no Senegal, tendo apelado à contenção de todas as partes.
Devido aos protestos e à “disseminação de mensagens de ódio e subversivas num contexto de perturbação da ordem pública”, o governo senegalês cortou este domingo o acesso à Internet móvel no país. A ação foi criticada por organizações como a Amnistia Internacional (AI) e a Repórteres sem Fronteiras, que considera que o trabalho dos jornalistas no Senegal está gravemente perturbado.