
Segunda Assembleia Sinodal de Braga decorreu no espaço Vita, na cidade bracarense. © DACS – Braga.
A Igreja Católica bracarense trabalha num plano de pastoral a 10 anos e tem como grande desafio a formação de todos os seus membros, ficou-se a saber este sábado, no decurso da segunda Assembleia Sinodal, que decorreu no espaço Vita, em Braga.
A Assembleia decorreu da necessidade sentida de dar seguimento às preocupações expressas na síntese diocesana, debatida e aprovada em junho de 2022, em resultado da auscultação do povo de Deus, em todo o mundo, no âmbito do Sínodo sobre a Sinodalidade.
Em maio último, a coordenadora diocesana do Sínodo propôs que os grupos existentes ou outros que se viessem a constituir refletissem sobre quais as prioridades (até três) para o futuro do processo sinodal, tendo sido elaborado, para tal, um documento de apoio e orientação. As respostas foram aceites até 31 de julho e deveriam ser debatidas na assembleia sinodal deste sábado.
Os resultados foram agora apresentados, sendo as problemáticas escolhidas as seguintes, por ordem decrescente de escolha:
1. Apostar na formação de qualidade a todos os níveis e nomeadamente em Bíblia;
2. Cuidar da escuta e da construção de uma cultura do acolhimento na Igreja;
3. Cuidar da dimensão espiritual e celebrativa, designadamente a qualidade das homilias e do canto;
4. Atenção às questões da linguagem e da comunicação;
5. Priorizar a missão, atendendo particularmente a novas questões que se colocam nos campos da ecologia, trabalho, escolas e universidades;
6. Alimentar o espírito de comunhão nas comunidades paroquiais, na relação destas com movimentos e com as instâncias centrais da diocese;
7. Fomentar o diálogo e participação na tomada de decisões, incentivando o bom funcionamento dos conselhos de pastoral paroquiais.
O arcebispo José Cordeiro, que se encontrava a representar o episcopado português no 53º Congresso Eucarístico Internacional em Quito, Equador, enviou uma intervenção pré-gravada em que anunciou que os contributos desta assembleia constituiriam um contributo para um plano de pastoral da Arquidiocese para um horizonte de 10 anos. Outros contributos sairiam de uma assembleia do clero a realizar em outubro. O plano será posteriormente elaborado, segundo disse, pelo Conselho Diocesano de Pastoral.
O bispo auxiliar Delfim Gomes, numa breve intervenção inicial, sublinhou que o centro e protagonista do processo sinodal é o Espírito Santo, cabendo a todos os fieis escutar o que ele diz à Igreja, neste momento da história. Sublinhando que este é “um tempo de oportunidade”, o bispo lembrou que é um direito de todos participar neste processo.
A diocese entendeu convidar um especialista em sinodalidade — o padre Sérgio Leal, da diocese do Porto — para intervir na primeira parte desta assembleia sinodal. O presbítero disse que a reforma da Igreja e a conversão pastoral a que ela é chamada deve implicar todos. Reconheceu que o caminhar juntos exige aprender a “acertar o passo” com os outros, prestando atenção ao seu caminhar. Isto passa não apenas pela mudança de práticas e de estruturas, mas por uma “conversão pessoal”.
Reconheceu, por outro lado, que o discernimento que o processo sinodal exige não é fácil, requerendo que cada um “fale com liberdade e escute com humildade”. Acentuou que, nos processos de escuta busca-se não a lógica das maiorias, mas a construção de consenso e de comunhão.
Sérgio Leal estabeleceu ainda uma relação entre sinodalidade e fraternidade, ao defender que um défice de sinodalidade está normalmente associado a um défice de fraternidade. Ou seja, a prática da fraternidade é condição fundamental para fazer sinodalidade.
Em conversa de alguns participantes com o 7MARGENS ficou evidente a densidade e interesse desta comunicação, mas provavelmente num tempo próprio, para poder ser mais aproveitada, refletida e debatida. E desse modo se daria também mais tempo àquilo que era específico da assembleia sinodal: a apresentação e debate do resultado dos trabalhos dos grupos sinodais, uma maior escuta e conhecimento do trabalho que está a ser realizado por cada grupo e a reflexão sobre o futuro do processo sinodal na Arquidiocese. Mas, como dizia, no final, o padre SérgioTorres, de Braga, é a andar que se aprende a fazer caminho.