
Coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, o padre Júlio Lancellotti trabalha há mais de 30 anos no apoio aos mais pobres e vulneráveis da cidade. Foto reproduzida da conta do próprio no Instagram.
No início, ouvimos uma voz que pergunta e responde: “De que planeta você veio? Planeta fome.” O padre Renato Júlio Lancellotti, de origem italiana mas nascido em São Paulo, aparece a empurra um carrinho de supermercado com caixas que embalam pensos higiénicos para as mulheres que vivem na rua.
A repórter Isabel Meira descreve a cena na Moca, zona leste de São Paulo, e o ritual diário que se segue à missa das 7 da manhã: o padre Júlio Lancellotti veste uma bata branca, um avental com a imagem de Santa Dulce dos Pobres e sai com três voluntários para servir o pequeno-almoço aos sem-abrigo – cenas semelhantes já descritas no 7MARGENS numa reportagem de Tony Neves.
“Este é o Brasil real”, diz para a repórter. Uma realidade que inclui 700 pessoas só numa manhã para comer uma banana e um pão.
No momento em que o Brasil vai a votos (no próximo domingo), os índices de fome e pobreza podem ditar quem será o próximo presidente, diz a sinopse da reportagem. E esses índices dizem-se com números: o país voltou ao mapa da fome das Nações Unidas e mais de 180 mil pessoas moram na rua, recorda a sinopse da reportagem. Só na cidade de São Paulo, são mais de 40 mil pessoas, de acordo com os dados mais recentes do Observatório brasileiro que acompanha a população em situação de sem-abrigo.
A reportagem refere também a colaboração existente entre as comunidades católica e muçulmana – esta abriu as portas da mesquita para que pessoas sem-abrigo ali possam dormir.
O trabalho da jornalista Isabel Meira pode ser ouvido nesta ligação.