
Antes de este ataque ter acontecido, muitos populares começavam já a regressar às suas terras de origem. Agora, estão novamente assustados e muitos fugiram para as matas. Foto © ACN.
Um grupo de terroristas do Daesh (o autoproclamado Estado Islâmico) atacou na passada sexta-feira, 15, a aldeia de Naquitengue, em Cabo Delgado, e assassinou pelo menos 12 cristãos, depois de os ter separado do resto da população muçulmana. Há também registo de casas queimadas e de bens destruídos, avança a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) esta segunda-feira, depois de ter falado com um missionário presente na região.
“Os relatos são perturbadores”, refere a organização católica. “Os terroristas chegaram à aldeia de Naquitengue, situada no distrito de Mocímboa da Praia, ao início da tarde, e convocaram a população. Depois de terem separado os cristãos dos muçulmanos, com base nos nomes para os identificar segundo as suas etnias, abriram fogo contra os cristãos.”
O ataque, que ocorreu cerca de um mês depois de as autoridades militares de Moçambique terem anunciado a eliminação de Bonomade Machude Omar – considerado o líder dos terroristas – provocou o pânico das populações locais, que fugiram para as matas.
Frei Boaventura, um missionário do Instituto da Fraternidade dos Pobres de Jesus presente em Cabo Delgado, explicou à Fundação AIS que, antes de este ataque ter acontecido, muitos populares começavam já a regressar às suas terras de origem. Mas “infelizmente quando acontece este tipo de situação, a população fica toda assustada” e geram-se “novos momentos de tensão e insegurança”.
De acordo com a mais recente mensagem do bispo de Pemba, António Juliasse, enviada no passado mês de agosto à Fundação AIS, “já foram contabilizados cerca de 1 milhão de deslocados internos e perto de 5 mil mortos” devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado.
Situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural de Afungi, Palma, liderado pela TotalEnergies, o distrito de Mocímboa da Praia foi aquele em que grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque em outubro de 2017, tendo sido, por muito tempo, descrito como a “base” dos rebeldes.
O Ministério da Defesa de Moçambique ainda não se pronunciou sobre este ataque.