
Alguns dos mais de mil fragmentos de lápides recuperados de um cemitério judaico na Bielorrússia. Foto © The Together Plan.
Há mais de 80 anos, milhares de lápides que descansavam no grande cemitério judaico de Brest-Litovsk, na Bielorrússia (sabe-se que ali estariam enterrados cerca de 50 mil judeus), foram profanadas e usadas para outros fins. Cerca de 1.200 lápides (ou o que sobrou delas) foram descobertas nos últimos 20 anos e agora uma instituição de caridade com sede no Reino Unido, a The Together Plan, decidiu devolvê-las ao seu local de origem, onde irá construir um memorial que homenageie esta comunidade brutalmente extinta. Para isso, lançou uma campanha internacional de angariação de fundos e convida todos os que queiram a dar o seu contributo.
O projeto do memorial foi impulsionado por Stephen Grynberg, fundador da Illuminate Foundation, em Los Angeles (EUA), cujos avós e pai estão entre os poucos judeus que sobreviveram ao Holocausto em Brest. A The Together Plan, que tem por missão revitalizar as comunidades judaicas e preservar o seu património, abraçou-o e, juntamente com alguns parceiros na Bielorrússia, conseguiu fotografar, documentar e catalogar todos os fragmentos de lápides recuperados.
Através da campanha de angariação de fundos, foi possível arrecadar, até agora, um terço das 265 mil libras (cerca de 305 mil euros) necessárias à construção do memorial no local do antigo cemitério, entretanto transformado num campo desportivo. O objetivo é obter o valor remanescente e iniciar as obras já em 2024.

“O memorial do cemitério judeu de Brest-Litovsk será mais do que apenas uma homenagem ao passado; será um farol de esperança, um lugar de ligação e um testemunho do espírito duradouro de uma comunidade corajosa com uma história angustiante”, afirma Debra Brunner, CEO da The Together Plan, em declarações ao Jewish News.
“Com as lápides recuperadas a regressar ao seu devido lugar, este memorial tornar-se-á um terreno sagrado para reflexão e recordação silenciosa, reacendendo os laços entre a comunidade judaica isolada e a diáspora global. (…) Apelamos ao mundo para nos ajudar a atingir a nossa meta de angariação de fundos para que possamos começar a construção na primavera”, conclui.