
A fase diocesana do processo de canonização de D. Hélder Câmara está agora completa. Foto © Antonisse, Marcel/Anefo
Já deu entrada no Vaticano a documentação relativa à fase diocesana do processo de canonização de D. Hélder Câmara, que foi bispo de Olinda e Recife, no nordeste do Brasil e que dedicou a sua vida pastoral sobretudo aos mais humildes e descartados.
O Instituto Dom Hélder Câmara levou perto de três anos para reunir manuscritos, livros e documentos, que foram digitalizados. O volume de documentos, com um peso calculado de 500 quilos foi transportado para Roma pela TAP Air Portugal, que apoia o projeto.
Uma parte da documentação reunida, da autoria deste famoso bispo dos pobres, encontra-se disponibilizada em linha. “Todos nós estamos interessados na causa de D. Hélder, para que possamos, quanto antes, ter a felicidade de vê-lo reconhecido como santo da igreja”, enfatizou Fernando Saburido, atual arcebispo da diocese onde Hélder Câmara foi titular.
Este prelado esteve reunido na última semana de maio com o governador do Estado de Pernambuco, Paulo Câmara, que tem estado muito envolvido na viabilização do processo, desde que ele foi aberto, em 2015. “Temos acompanhado todo este trabalho com grande emoção. Espero que possamos ter um santo que tão bem conhecemos, e que saibamos que todo o seu trabalho e dedicação na vida foram a favor de pobres e de um mundo melhor, com mais paz e saúde”, observou o governador Câmara.
D. Hélder Câmara nasceu na cidade de Fortaleza, capital do Ceará, em 7 de fevereiro de 1909, e morreu em Recife em 27 de agosto de 1999, aos 90 anos. Foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, arcebispo de Olinda e Recife ao longo de 31 anos, de 1964 a 1985 e é internacionalmente conhecido por defender os direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil. Participou em todas as sessões do Concílio Vaticano II e é reconhecido por ter feito importantes contribuições para a Gaudium et Spes, a célebre Constituição pastoral do Concílio sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo.
É de Hélder Câmara a conhecida frase: “Se dou pão aos pobres, todos me chamam santo. Se mostro por que os pobres não têm pão, me chamam comunista e subversivo”.
Não é assim de espantar que, por mais de uma vez, o Papa Francisco se tenha referido ao testemunho de Hélder Câmara: ambos apostaram em denunciar o sistema que gera a pobreza.